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Aproximação do governo com o Centrão

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O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou em live promovida pela Arko Advice na semana passada (27) que, no início da atual gestão, a expectativa, baseada no pragmatismo e nas ideias reformistas do governo, era de que tais ideias seriam o ponto de convergência entre governo e parlamentares, todos em busca do equilíbrio fiscal e de maior produtividade.

Ainda de acordo com Mourão, em um primeiro momento essa abordagem funcionou. Mas, do final do ano passado até o início deste ano, o presidente se viu obrigado a buscar uma nova forma de diálogo com o Congresso Nacional, com uma aproximação mais cerrada de alguns partidos políticos para construir uma base que permita aprovar aquilo que o Planalto julga necessário.

A pandemia do novo coronavírus, as denúncias do ex-ministro Sérgio Moro e o recorde de pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro (até o dia 28 eram 31 pedidos) intensificaram a necessidade desse diálogo. O alvo da aproximação tem sido os partidos que integram o Centrão: PP, PL, PSD, Republicanos, PTB e Solidariedade. Na Câmara, esse segmento soma 173 votos. No Senado, 22.

Alguns sinais dessa aproximação são claros. Apenas em abril, Bolsonaro teve oito reuniões com deputados e senadores de PSL, PL, Republicanos, MDB e DEM. Mais espaços no governo estão sendo abertos para acomodar esses aliados.

É cedo para avaliar o sucesso do diálogo. Mas, até aqui, é possível verificar que a tentativa está surtindo efeito. Lideranças do Centrão têm rejeitado publicamente os pedidos de impeachment. No Senado, a equipe econômica conseguiu evitar que fosse aprovado o pacote de ajuda a estados e municípios tal qual saiu da Câmara. Conforme a equipe econômica, o pacote poderia trazer um impacto de mais de R$ 200 bilhões.

Até mesmo o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com quem Jair Bolsonaro trocou farpas recentemente, reconheceu que o movimento é importante. “É um bom caminho o governo ter uma base de apoio, aliados, partidos que construam um apoio, principalmente nesse momento da pandemia”, disse, ao ser questionado sobre o tema em entrevista à TV Bandeirantes (28). “Se o governo abriu o diálogo para estar mais próximo de uma parte do Parlamento, dos partidos que representam a Câmara e o Senado, acho que é bom”, disse.

De qualquer forma, a relação entre Legislativo e Executivo será marcada por tensão. O governo fará esses movimentos sempre que sentir que a temperatura subiu demais.

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