Nos últimos dias, o governo priorizou o anúncio de um conjunto de medidas que podem ter impacto positivo na popularidade do presidente Jair Bolsonaro. São medidas com impacto econômico, regulatório e social.
A agenda do primeiro semestre esteve centrada na votação da Reforma da Previdência, tema impopular com natural desgaste junto à opinião pública. Sem falar nas polêmicas envolvendo o governo, como demissão de ministros, atritos com aliados, ameaça de greve por parte de caminhoneiros, denúncias envolvendo candidaturas-laranja do PSL (partido do presidente) e desempenho modesto da economia.
O resultado está nas pesquisas de opinião pública. A sociedade está dividida. O percentual dos que classificam o governo como “ótimo/bom”, “regular” ou “ruim/péssimo” é o mesmo: 32%.
As medidas lançadas recentemente podem fazer com que a avaliação do governo no segundo semestre melhore. No dia 17 de julho foi anunciado um programa para autorizar saques nas contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS/Pasep. A liberação dos recursos permitirá a injeção de R$ 28 bilhões na economia este ano e de mais R$ 12 bilhões em 2020, segundo técnicos da equipe econômica.
No dia 23 foi instituído o Programa do Novo Mercado de Gás, que reunirá medidas para reduzir o preço do gás natural. A expectativa da equipe econômica é que o programa contribua para a retomada do crescimento econômico. No setor de combustíveis, merece destaque a privatização da BR Distribuidora.
No dia 30, foram anunciadas mudanças em três normas de segurança e saúde no trabalho, conhecidas como NRs, a fim de reduzir as exigências às empresas. Segundo o secretário especial de Trabalho e Previdência do Ministério da Economia, Rogério Marinho, as três normas alteradas na terça-feira garantirão uma economia de R$ 68 bilhões em dez anos para o setor privado.
No dia 1º de agosto, Bolsonaro assinou uma medida provisória criando o programa Médicos pelo Brasil, que será o substituto do Mais Médicos. O objetivo continua sendo levar atendimento primário pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a regiões remotas e desassistidas, sobretudo no interior. Serão 18 mil vagas, sendo 55% nas regiões Norte e Nordeste.
A redução da taxa de juros (Selic) de 6,5% para 6% ao ano também foi uma notícia positiva para o setor produtivo. Repercutiram positivamente ainda os dados divulgados pelo IBGE sobre o desemprego. A taxa de desocupação no país caiu de 12,7%, no primeiro trimestre, para 12% de abril a junho.
Mas a recuperação dos índices de avaliação do governo não deve ser tão rápida. Primeiro, porque os resultados das medidas anunciadas demorarão a gerar efeito na economia. Segundo, porque a chance de surgimento de novas polêmicas dentro do governo é alta. Terceiro, porque o relacionamento entre Executivo e Legislativo é marcado por tensões.