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A divisão da oposição

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Conforme ocorreu quando o ex-presidente Lula (PT) foi preso, em 7 de abril de 2018, sua libertação, em 8 de novembro de 2019, não produziu a mobilização esperada pelo PT. As caravanas pelo Nordeste, região em que o lulismo ainda preserva um capital político importante, acabaram sendo pouco expressivas, o que levou o ex-presidente a recuar nesse tipo de movimentação.

Mais do que isso, Lula não conseguiu dar um norte para o PT e tampouco foi capaz de construir uma unidade das esquerdas em torno de seu nome. Depois de o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) fazer fortes críticas ao ex-presidente – reflexo ainda da campanha de 2018, quando Lula não endossou o apoio do PT a Ciro –, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), emite sinais de que pensa o futuro da oposição no país com uma estratégia distinta da traçada pelo ex-presidente.

Governando o Maranhão ancorado numa aliança ideologicamente heterogênea que une 16 partidos, Dino declarou recentemente que “o centro é importante para a esquerda em 2020”. Além de cotado como potencial pré-candidato ao Planalto no campo da esquerda desde que foi reeleito governador, em 2018, Dino começou a ser especulado como possível candidato a vice do apresentador da TV Globo Luciano Huck.

Especulações à parte, as manifestações públicas tanto de Ciro Gomes quanto de Flávio Dino evidenciam que há um distanciamento importante do PT por parte de forças da esquerda como PCdoB e PDT. Sem falar no PSB, que se afastou dos petistas há mais tempo.

Com o PT até hoje refém da agenda “Lula Livre”, a sonhada frente de esquerda parece cada vez mais distante de se concretizar, uma vez que os aliados – como PCdoB, PDT e PSB – já perceberam que a prioridade de Lula e do PT é muito mais a manutenção de sua hegemonia no campo da esquerda do que a construção de uma frente.

Não por acaso o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), diante dos movimentos realizados por Flávio Dino, disse, recentemente, que o governador do Maranhão deverá fazer parte da chapa petista em 2022. O aceno de Teixeira a Dino reconhece, por um lado, a importância do governador do PCdoB, mas, por outro, indica que o PT tem pouco interesse em abrir mão do protagonismo para apoiar aliados.

Com Lula sem mobilizar tanto como no passado e sem uma narrativa, a força da oposição fica cada vez mais limitada para impor obstáculos ao governo Bolsonaro, seja no Congresso, seja nas ruas. Embora nomes como o de Flávio Dino e o do governador da Bahia, Rui Costa (PT), por exemplo, apareçam como opções de renovação, Lula representa hoje mais um entrave que uma oxigenação das esquerdas.

Diante da postura hegemônica do PT, tanto o PDT quanto o PSB, através de seus presidentes nacionais – Carlos Lupi e Carlos Siqueira, respectivamente –, têm realizado encontros com o objetivo de firmar alianças nas eleições municipais entre os dois partidos, mais Rede e PV, tendo em vista uma coligação de centro-esquerda alternativa ao lulismo/petismo.

O problema é que, sem o apoio do PT, um projeto de poder liderado por PDT ou PSB tem baixa densidade, já que o PT, apesar dos obstáculos que enfrenta, ainda é a sigla de esquerda com maior capilaridade. Não à toa em 2018, mesmo com Lula preso, o PT emplacou seu candidato (Fernando Haddad) no segundo turno da eleição presidencial.

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