Devido a divergências em torno da forma como o presidente nacional do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), está conduzindo a legenda, há rumores de que o presidente da República, Jair Bolsonaro, pode trocar de sigla. Além dele, 18 dos 55 deputados federais do PSL também poderiam deixar o partido.
No Senado, além da senadora Juíza Selma (MT), que trocou o PSL pelo Podemos por se opor às articulações do senador Flávio Bolsonaro (RJ) contra a CPI da Lava-Toga, também o senador Major Olímpio (SP) pode mudar de partido.
A eventual debandada do presidente e de deputados e senadores teria potencial para transformar o PSL novamente em um partido numericamente pouco expressivo, ainda que tenha saído das eleições de 2018 como o segundo maior da Câmara. Sem Bolsonaro e, provavelmente, sem seus filhos (o senador Flávio e o deputado federal Eduardo), haveria uma migração em massa do PSL.
Há meses Eduardo Bolsonaro (SP) vem trabalhando na construção de um partido nos moldes da antiga União Democrática Nacional (UDN), ou seja, uma legenda com organicidade identificada com a direita e valores conservadores. A criação de um partido de direita orgânico seria importante para a sustentação do governo no Congresso, já que o PSL tem revelado divisões internas.
O PSL apresenta grande dificuldade para construir consensos mínimos. E, por ser o partido do presidente, tais divergências causam ruídos na governabilidade.
Além de representar um fato positivo para o governo, o surgimento de uma legenda de direita orgânica pode marcar o início de uma profunda rearticulação do sistema partidário no país. Com a direita se movendo no tabuleiro, forças ao centro e à esquerda podem também pensar em mudanças, principalmente se considerarmos que o sistema erguido durante a Nova República ruiu em 2018.
A ideia de Eduardo Bolsonaro é formar um partido que tenha unidade na defesa das ações do governo. Resta saber se ele terá sucesso ao tentar unir as diferentes vertentes do que hoje é chamado de bolsonarismo. Como se trata de uma força política pulverizada, ele pode encontrar dificuldades para construir um partido que siga fielmente as orientações do presidente da República.
Outra possibilidade que não devemos descartar é o surgimento de outras siglas identificadas com a pauta conservadora, mas que não aceitem totalmente a tutela do bolsonarismo.
Embora o cenário seja de indefinições, temos sinais de que o PSL passa por um momento difícil que deve provocar, de médio a longo prazo, uma reorganização das forças de direita.