Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que um volume de ao menos US$ 295,6 milhões em exportações anuais do Brasil para o Reino Unido está indefinido com a saída do país da União Europeia, o Brexit. O levantamento leva em consideração produtos exportados pelo Brasil para a União Europeia com cotas específicas para isenção no pagamento de imposto de importação.
As novas tarifas de importação e toda política comercial do Reino Unido, que passam a vigorar em 1º de janeiro de 202, foram submetidas à consulta pública. O Brasil, no entanto, aguarda renegociação dessas cotas tanto com a União Europeia como com o Reino Unido separadamente, no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC).
De acordo com o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi, as cotas precisam ser negociadas nos próximos cinco meses para que as exportações não fiquem indefinidas. Podem ser prejudicados em suas exportações os produtos: frango salgado, açúcar de cana para refino e carnes de aves processadas. Para esses produtos, a União Europeia já anunciou redução das cotas, que devem ser integralmente compensadas por um aumento pelo Reino Unido.
Abijaodi avalia que, especialmente em um momento de crise econômica, é fundamental que o Brasil mantenha o seu fluxo de comércio tanto com o Reino Unido quanto com a União Europeia, pois qualquer redução na exportação afeta a retomada dos trabalhos nas indústrias. O diretor afirma ainda ser direito do Brasil, negociado na OMC, que essas exportações tenham essa compensação no Reino Unido.
As propostas da União Europeia e do Reino Unido devem ser avaliadas pelo Brasil no processo de renegociação e, na conclusão, o volume geral de cotas somando as duas partes não pode ser inferior ao que Brasil já possui. Ou seja, se uma cota que era de 100.000 toneladas por ano para a UE e, após o Brexit, esse bloco estabelece uma cota de 70.000 toneladas para esse bem, é preciso que uma cota de 30.000 toneladas seja negociada com o Reino Unido, de modo a complementar o total.
O Reino Unido já estabeleceu as tarifas de importação que entrarão em vigor em 2021. Na média, elas diminuem ao comparar com as praticadas pelo bloco europeu. No caso da indústria, elas saem de 7,2% e vão para 5,7%; na agroindústria (de 15,9% para 10,6%) e na agricultura (de 18,3% para 16,1%), elas também diminuem, porém, continuam em um patamar elevado. Resta ainda pendente a negociação das cotas.