Se for verdade tudo que se diz de Eduardo Cunha, ex-deputado federal, preso na quarta-feira, 19, o país está diante de uma lenda que, de fato, pode implodir a República.
Diz a mídia que Cunha guarda consigo um grande acervo, com áudios, vídeos e documentos de negócios envolvendo as cúpulas de PT, PMDB e cerca de 200 deputados de sua antiga base de apoio.
Metódico, nos últimos meses fez um levantamento de tudo o que ouviu e anotou seus interlocutores. Com menos de uma semana na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, Cunha já tem um plano sobre o caminho a seguir.
Réu em dois processos dos nove a que responde, o ex-presidente da Câmara é mais um peixe graúdo, junto com Marcelo Odebrecht e Antonio Palocci, que pode implicar autoridades do primeiro escalão dos últimos governos.
Seu poder tóxico pode atingir empresas e pessoas que se quer foram cogitadas. Mesmo com tantas informações acumuladas, a situação de Cunha é muito difícil. Já que, ao implicar pessoas, terá que revelar coisas que o implicam ainda mais.
Mesmo estando no córner, existe uma estratégia a ser seguida e que levará alguns meses:
– tentará habeas corpus nos tribunais superiores, mesmo consciente de isso não será fácil;
– vai explorar ao máximo o seu Big Data – imenso volume de dados capazes de impactar o mundo político – como arma para pressionar adversários e ex-aliados;
– se tudo falhar, será obrigado a encarar uma delação premiada como forma de salvar parte do patrimônio e proteger a família.
Assim, não existe certeza se as bombas de Eduardo Cunha irão explodir antes daquelas que decorreram da delação de Marcelo Odebrecht. São tempos complexos que vem por aí.