O projeto de poder do PSD

Gilberto Kassab e o senador Rodrigo Pacheco. Foto: Divulgação/PSD

A decisão do apresentador da TV Bandeirantes José Luiz Datena em trocar o PSL — partido que se filiou recentemente e pelo qual chegou a ser lançado pré-candidato ao Palácio do Planalto — pelo PSD para concorrer a senador representa mais um movimento do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, em favor da construção de um projeto de poder do partido.

Além de Datena, Kassab está próximo de atrair o ex-governador Geraldo Alckmin, que deverá sair do PSDB e se filiar ao PSD. As filiações de Alckmin e Datena estão dentro do objetivo traçado por Kassab de construir palanques competitivos nos estados para a pré-candidatura do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao Palácio do Planalto.

Embora o foco de Kassab seja a disputa ao Palácio do Planalto, com Geraldo Alckmin e José Luiz Datena, o PSD também sonha em ser protagonista em São Paulo (SP). Apesar do PSDB controlar o Palácio dos Bandeirantes desde 1995, possuir uma poderosa estrutura partidária, e apostar no nome do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), o desgaste registrado pelo governador João Doria (PSDB) ameaça o projeto de poder dos tucanos em seu grande reduto eleitoral.

Como SP é um estado conservador, Kassab pode estar apostando que,o desgaste da gestão Doria/Garcia poderia levar o eleitorado de centro-direita descontente com o PSDB a optar pelo PSD, principalmente se o candidato for Alckmin.

A partir da filiação de Datena, a tendência é que Geraldo Alckmin seja o candidato a governador, com o apresentador da TV Bandeirantes disputando o Senado. O vice sonhado por Kassab e Alckmin para esta chapa é o ex-governador Márcio França (PSB). Por ora, a partir da chegada de Datena ao PSD, pode estar perdendo força a aliança com o presidente da FIESP, Paulo Skaf (MDB), que recentemente foi especulada.

Apesar de Gilberto Kassab sonhar alto a partir da dobradinha Alckmin-Datena, a filiação do ex-governador ao PSD ainda não foi concretizada. Geraldo Alckmin, além do PSD, também é cobiçado pela União Brasil, partido que surgirá a partir da fusão entre DEM e PSL. Além disso, na semana passada, surgiu o rumor sobre o desejo do PSB em filiar Alckmin para que ele seja o candidato a vice-presidente na chapa a ser encabeçada pelo ex-presidente Lula (PT).

Em que pese o desejo do PT em ter Alckmin como filiado – o ex-prefeito e pré-candidato petista ao governo de SP, Fernando Haddad, tem feito acenos ao ex-governador – uma composição entre eles é improvável. Além de ter concorrido ao Planalto contra Lula em 2006, Alckmin tem um posicionamento crítico em relação ao PT. Assim, uma composição com Lula poderia ser mal-vista pela base eleitoral do ex-governador.

Outro aspecto que joga contra a aliança Lula-Alckmin é que caso o ex-governador desista de ser novamente candidato ao Palácio dos Bandeirantes, poderia fortalecer a pré-candidatura de Rodrigo Garcia, aliado de João Doria, que é quem Alckmin deseja derrotar concorrendo novamente a governador. Por todos esses aspectos, hoje, uma guinada na carreira política de Geraldo Alckmin, selando uma aliança com o PT, de quem sempre foi adversário, parece improvável.

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