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Mercosul: Lula critica condições da União Europeia para acordo

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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou o pedido de flexibilização da regra de compras governamentais feito pela União Europeia (UE). A fala foi durante o seu discurso de posse da presidência do Mercosul, que ficará sob a gestão do Brasil pelos próximos 6 meses.

Lula afirmou que está comprometido com a conclusão do acordo com a União Europeia, contudo, classificou o pedido do bloco como “inadmissível” e “inaceitável”. O presidente defendeu que o Mercosul apresente uma resposta rápida e contundente. 

O pedido da UE visa garantir maior competitividade a empresas estrangeiras nos países pertencentes ao bloco sul-americano. Além disso, o documento europeu prevê sanções aos países do Mercosul, em caso de descumprimento às cláusulas ambientais.

“Estou comprometido com a conclusão do acordo com a UE. O instrumento adicional apresentado em março deste ano é inaceitável. Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaças de sanções. É imperativo que o Mercosul apresente uma resposta rápida e contundente. É inadmissível abrir mão do poder de compra do estado, um dos poucos instrumentos de política industrial que nos resta. Não temos interesse em acordos que nos condene ao eterno papel de exportador de matérias primas, minérios e petróleo”, declarou Lula. 

Integração da Bolívia ao Mercosul e relação com a Venezuela

Lula defendeu que é urgente o ingresso da Bolívia no Mercosul. Para integrar o bloco, o país ainda precisa da aprovação dos parlamentos do Uruguai, Argentina e Brasil. “Temos urgência para o acesso da Bolívia como membro e trabalharei pessoalmente por sua aprovação no Congresso brasileiro”, afirmou.

O bloco é formado pelos seguintes países: Argentina, Paraguai, Brasil e Venezuela. No entanto, os países membros decidiram suspender a Venezuela do bloco em 2017, após avaliarem que o país descumpriu “os preceitos democráticos”, previsto para todos os países membros no Protocolo de Ushuaia.

O Brasil já sinalizou que irá tentar reintegrar a Venezuela ao bloco. Contudo, Lula não mencionou a Venezuela em seu discurso de posse. Nessa questão, o Brasil tem o apoio do presidente da Argentina, Alberto Fernández.

A reintegração da Venezuela, por outro lado, não possui o apoio do presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, e do presidente do Paraguai, Mario Abdo Martínez. Os dois mandatários criticaram a situação da Venezuela e concordaram que o país não tem uma “democracia plena” com a inelegibilidade de Maria Corino Machado, principal nome da oposição ao governo de Nicolás Maduro. Ambos também cobraram do Mercosul uma posição clara frente aos acontecimentos políticos da Venezuela.

Além dos países membros, o bloco conta com os Estados associados que são Bolívia, Chile e Colômbia.

Adoção de uma moeda comum no Mercosul

Lula voltou a defender a adoção de uma moeda comum com os países do bloco para o comércio regional. “A adoção de uma moeda comum para realizar operações de compensação entre nossos países contribuirá para reduzir os custos e facilitar ainda mais a convergência. Falo de uma moeda específica para o comércio regional, que não eliminará as respectivas moedas nacionais”, afirmou o presidente.

A adoção de uma moeda comum já era estudada entre a Argentina e o Brasil para o comércio bilateral. No discurso, Lula ampliou a discussão para os países do Mercosul.

A estratégia comercial e econômica também foi defendida pelo ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, nesta terça-feira (04). Galípolo afirmou que a adoção de uma moeda comum no Mercosul pode garantir que o Brasil não perca mais espaço na balança comercial com países parceiros que já discutem o modelo. A declaração ocorreu durante sabatina de Galípolo na Comissão de  Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que analisou e aprovou o seu nome para assumir a a diretoria de Política Monetária do Banco Central.

“A ideia não é criar uma moeda única para substituir as moedas nacionais, mas criar um meio de pagamento que permita a viabilidade e facilitar a negociação entre esses países. Quando você depende de uma terceira moeda [como o dólar , para as relações comerciais], esse país [detentor da moeda] pode constranger a economia dos outros”, explicou.

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