A presidente Dilma Rousseff está pensando em substituir o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, para abrir uma vaga a ser negociada com o PP, o quarto maior partido do país, com 49 deputados. Mercadante seria deslocado para o Ministério de Ciência e Tecnologia, que já ocupou no primeiro mandato.
A intervenção atenderia ao interesse do parceiro político mais forte depois do PT e do PMDB, que deixou o governo por se tratar de um ministério com um grande orçamento – R$ 97 bilhões – para gastar em programas como Merenda Escolar, FIES, FNDE etc. Parte das resistências estão no receio às críticas que a inclusão do MEC no “varejão” das negociações do governo com os partidos com o objetivo de evitar o impeachment de Dilma poderia despertar.
O principal articulador do governo nessas operações é o ex-presidente Lula, na prática, já investido no cargo de ministro da Casa Civil. Ele despachou a semana passada em Brasília num apartamento do hotel Royal Tulip. Lula não fez distinções entre o PP, o partido com maior número de deputados implicados na Operação Lava-Jato, e o PR, de Alfredo Nascimento, faxinado do Ministério dos Transportes pela presidente por suspeita de corrupção.
O ex-presidente revelou-se surpreso com a quantidade de pedidos de políticos represados por articuladores que ocuparam o posto antes. Ele não se furta em fazer concessões que vão desde o abrandamento na legislação (regularização de terras indígenas) à transferência de funcionários estaduais para a esfera federal.
A desenvoltura com a qual Lula tem se movimentado nos últimos dias deverá sofrer um revés, com o seu comparecimento ao Ministério Público para depor. A Procuradoria-Geral da República deve pedir ao STF que o ex-presidente seja investigado no principal procedimento da Lava-Jato na Corte, o inquérito-mãe, que apura crimes de formação de quadrilha no esquema de desvios na Petrobras. Lula é o político mais citado na delação premiada do senador Delcídio Amaral (ex-PT) – são oito acusações.