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Exportações brasileiras para China e EUA X geração de riqueza e postos de trabalho

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Levantamento inédito realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que R$ 1 bilhão em mercadorias brasileiras vendidas para os Estados Unidos e para os países do Mercosul têm efeito bem diferente na economia do que exportações do mesmo valor enviadas à China. Esse país asiático é hoje o principal comprador de produtos brasileiros, o que assegurou um superávit comercial ao Brasil de US$ 6,5 bilhões no primeiro quadrimestre deste ano.

Com relação aos EUA, o principal destino das manufaturas brasileiras, as exportações remuneram melhor os trabalhadores envolvidos, ou seja, R$ 1 bilhão em exportações resulta em R$ 683,6 milhões em massa salarial graças ao perfil da pauta exportadora concentrada em bens de alta tecnologia. Nesse caso, o efeito multiplicador também é maior, pois esse um bilhão de reais movimenta outros R$ 4,2 bilhões em produção na economia brasileira e é responsável por 32.810 empregos.

Desse modo, as cadeias de manufaturados por serem mais longas geram efeitos diretos e indiretos na produção, nos salários e nos gastos industriais com bens e serviços maiores do que no caso de produtos básicos – a exemplo da soja.

No Mercosul, quase 90% das exportações provêm de produtos industrializados. Nesse cenário, o R$ 1 bilhão exportado gera R$ 668,3 milhões em salários e 31.116 empregos. As mercadorias em igual montante vendidas à China (onde a participação de bens industriais não totaliza 15%) são responsáveis pelo menor resultado na economia brasileira: 27.444 empregos; massa salarial de R$ 454,8 milhões; e efeito multiplicador de 3,18.

Riqueza

Ainda de acordo com o estudo da CNI, exportar para outras regiões gera maior impacto na economia brasileira que para a China. Considerando somente o aspecto comercial, a China estaria muito à frente dos EUA na balança brasileira. Isso porque nos quatro primeiros meses deste ano, o Brasil exportou US$ 19,4 bilhões para a China, montante que supera duas vezes aquilo que foi vendido para os americanos (US$ 9,5 bilhões).

Os dados analisados pela CNI deixam claro que os EUA e o Mercosul são dois mercados essenciais para o Brasil. Contudo, é preciso expandir o comércio brasileiro com os americanos – com quem não há acordo de livre comércio – e aprofundar o mercado comum com os sócios na região, eliminando as barreiras não tarifárias que ainda existem no bloco.

Os números também sinalizam que se o país quer usar o comércio exterior para aumentar os empregos e a renda e para acelerar o crescimento, a indústria tem de ser parte central da política comercial. Ressalte-se que União Europeia é um mercado misto e garante uma massa salarial de R$ 615,7 milhões e 32.030 empregos.

Commodities

Na avaliação do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, as commodities são muito importantes, mas depender só delas é uma catástrofe para a economia brasileira. Já o consultor de assuntos internacionais Welber Barral ressalta que, ao contrário dos produtos de maior valor agregado, a cadeia de uma commodity, como a soja ou um minério, é mais curta do que a de manufaturas, e os trabalhadores, de forma geral, são menos especializados. Contudo, ele afirma que a exportação de produtos básicos também é importante, pois alguns produtos agrícolas têm muita tecnologia embarcada.

Barral entende que, em um país como o Brasil, o problema não é exportar commodities, mas sim exportar apenas commodities porque é necessário ser competitivo em produtos básicos, indústria e serviços.

O estudo da CNI revelou também que o Japão, comprador de minérios, café, ferro e aviões do Brasil, propicia: uma massa salarial de R$ 581,4 milhões para cada R$ 1 bilhão que importa de produtos brasileiros (montante esse maior do aquele registrado no caso da China); e a manutenção de 33.018 postos de trabalho.

Em razão da crise econômica na Argentina, responsável por reduzir em 46,5% as importações do Brasil, houve uma queda de 37,9% nas vendas brasileiras para o Mercosul no período de janeiro a abril deste ano. O bloco sul-americano importou sobretudo automóveis, veículos de carga, tratores e autopeças.

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