O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, disse em Pequim, na sexta-feira, que os chineses se mostraram interessados em participar da exploração de urânio no Brasil após ouvirem sua exposição sobre o setor nacional. “Eles abriram os olhos assim”, disse, com bom humor, ilustrando a expressão com as mãos nos olhos.
O ministro defende a quebra do monopólio do urânio com participação de capital estrangeiro na exploração das reservas, proposta que exigiria alteração na Constituição. As reservas de urânio possuem também outros minérios cuja exploração é comercialmente viável, tema abordado pelo ministro em sua exposição.
Ao atuar em parceira com a Indústrias Nucleares do Brasil (INB), operadora do monopólio da União, a empresa poderia vir a viabilizar a exploração de urânio pela estatal, hoje sem condições de investir.
Caso a quebra do monopólio se viabilize, as empresas que já estiverem instaladas junto às minas teriam vantagem competitiva para disputar sua exploração. Foi esse o ponto que mais atraiu os chineses. A energia nuclear representa 8% da matriz energética da China, e o governo de Pequim quer elevar essa participação para 25%.
Após cinco anos, o governo brasileiro pretende retomar a mineração de urânio como estratégia para ampliar o seu programa nuclear. Bento Albuquerque declarou ao jornal O Estado de S. Paulo, no início deste mês, que esse não é apenas um desejo do governo, mas uma decisão política que será adotada. A expectativa é iniciar os trabalhos na mina do Engenho, em Caetité (BA), ainda este ano.