O novo governo ainda não começou, mas alguns dos futuros integrantes da equipe política já começaram a se desentender. É preocupante diante da grave situação econômica, mas não o fim do mundo, como às vezes transparece na mídia.
Temer é um hábil articulador, sabe contornar crises, principalmente uma que ameace seus planos. Outro fator positivo é que seu entendimento com o futuro ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o homem mais importante da equipe, é muito bom.
As medidas preparadas por Meirelles estão em fase de acabamento e em seguida precisarão da habilidade dos operadores políticos para que se tornem fato concreto no Congresso. É nesse ponto que se concentram os problemas.
Com base em vazamentos de informações, o futuro virtual presidente tem sido criticado por escolhas pouco felizes e recuo em supostas propostas. Se verdadeiras, ambas situações são fruto da busca ansiosa por respaldo parlamentar, caso contrário o ajuste fiscal que está no forno não passará no Congresso, levando à repetição dos erros da presidente Dilma Rousseff.
A medida que se aproxima o início do jogo, as definições tendem a ganhar nitidez. Até porque o núcleo de assessores mais próximos depende mais de Michel Temer do que ele do grupo, onde não se destacam parlamentares com mandato.
O presidente que deverá assumir no dia 12 tem um perfil que inspira confiança com base no rumo que já anunciou para a questão econômica por meio de Meirelles: 1) Metas realistas, críveis e que sejam cumpridas; 2) Redução da relação dívida/PIB; 3) Retomada do crescimento.
Como o futuro chefe da equipe econômica é um nome testado e a mudança de orientação aponta para um caminho receptivo por parte do mercado e da população que sofre com a crise, quem criar dificuldades para Temer terá muito mais a perder. Nesse cenário, não parece crível a figura de um presidente prisioneiro de intermináveis desentendimentos de aliados.