Para saber mais sobre a crise política, leia:
NÃO BASTA INDIGNAÇÃO – Murillo de Aragão
TIROTEIO FINAL – André Gustavo
Compartilhe pelo Whatsapp: http://bit.ly/2tRRTcS
Pesquisa Datafolha divulgada no sábado (24) mostra que a delação da JBS e a gravação secreta feita pelo empresário Joesley Batista em uma conversa com Michel Temer agravou a situação da popularidade do presidente.
A aprovação de 7% do governo atual é a mais baixa dos últimos 28 anos. Temer fica à frente apenas dos 5% registrados pelo ex-presidente José Sarney (PMDB), em setembro de 1989. Na época, o Brasil estava diante de um cenário de inflação galopante sem perspectiva de melhora.
Porém, na comparação com setembro de 89, a avaliação negativa de Temer (69%) é praticamente a mesma da registrada por Sarney (68%). A avaliação regular também era muito parecida: Temer registra 23%, enquanto Sarney tinha 24% em 89.
A popularidade de Michel Temer é pior que a da ex-presidente Dilma Rousseff dois meses antes de seu impeachment. Em abril de 2016, Dilma era aprovada por 13% e desaprovada por 63%.
Embora a economia afete negativamente a sensação de bem-estar da opinião pública em relação ao governo, o tema da corrupção é a principal explicação para a piora na avaliação de Temer.
De acordo com o Datafolha, 22% atribuem a corrupção o principal problema do país, mesmo índice atribuído a saúde. O desemprego é visto como o maior problema para 17%. Somente 8% menciona a economia.
Maioria quer a renúncia de Temer
Diante desse cenário, 76% dos entrevistados responderam que o presidente Michel Temer deveria renunciar. Por outro lado, 20% respondeu que Temer não deve renunciar.
Questionados sobre o que é melhor para o país, 65% responderam que Temer deveria sair agora. E apenas 30% querem que o presidente termine o mandato.
A baixa popularidade de Michel Temer tem potencial para ampliar o custo da negociação com o Congresso para que a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente seja arquivada, assim como o avanço da reforma Trabalhista no Senado. Também poderá atrasar ainda mais a reforma da Previdência.
Apesar de todos esses fatores adversos, a continuidade de Temer no Palácio do Planalto ainda continua sendo o cenário mais provável neste momento (60%). Mesmo que a opinião pública manifeste o desejo que o presidente deixe o cargo, não há protestos de rua como os registrados contra os ex-presidentes Collor e Dilma, por exemplo.
Além disso, há uma falta de consenso no sistema político em relação as opções para o chamado Pós-Temer, e o entendimento que o afastamento de Temer jogaria o país num ambiente de incertezas ainda mais elevado com potencial para agravar ainda mais a situação da economia. No entanto, também cresceu o risco da chamada “Sarneyrização”. Ou seja, mesmo continuando no poder, Temer, assim como Sarney, poderá ter dificuldades significativas de governabilidade até 2018.