Pesquisa divulgada nesse final de semana pelo instituto Datafolha mostra que o cenário da sucessão presidencial de 2018 continua com um elevado grau de indefinição. Foram testados nove cenários, com e sem a presença do ex-presidente Lula (PT) na disputa.
Caso Lula consiga concorrer, é alta a possibilidade do ex-presidente chegar ao segundo turno. Nas simulações em que seu nome é incluído, o ex-presidente tem intenção de voto que varia de 34% a 37%, praticamente 20 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que tem entre 17% a 19%.
Marina em terceiro
Uma novidade em relação às pesquisas anteriores é que Bolsonaro aparece agora na frente da ex-senadora Marina Silva (REDE-AC) e também do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP). Marina registra entre 9% e 11%, dependendo do cenário. Alckmin, por sua vez, tem índices entre 6% a 9%. Nas outras sondagens, os três pré-candidatos chegaram a estar tecnicamente empatados.
Apesar de seu projeto presidencial ter perdido força nos últimos meses, o prefeito João Doria (PSDB-SP), que tem 5%, ainda tem praticamente a mesma densidade eleitoral de Alckmin. Embora o governador esteja numericamente à frente, os dois estão tecnicamente empatados quando aplicamos a margem de erro (dois pontos percentuais para mais ou para menos).
Vale registrar que o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o ex-presidente do STF Joaquim Barbosa (Sem partido) tem a mesma intenção de voto de Marina e os nomes do PSDB. Ciro registra 7%, enquanto Barbosa tem 6%.
O presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), mostram baixa intenção de voto. Ambos aparecem com apenas 1%.
Cenário não consolidado
Embora o Datafolha aponte para um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, esse cenário ainda não está consolidado. Claro que se for novamente candidato, a possibilidade de Lula chegar ao segundo turno é alta. No entanto, ainda não podemos considerar que Bolsonaro esteja consolidado como seu oponente. Caso seja o candidato do PSDB, Alckmin poderá crescer. Além disso, não sabemos o impacto de uma eventual aliança entre Marina e Barbosa, que também poderá alterar o cenário atual.
Caso Lula desista de ser candidato ou fique inviabilizado juridicamente de concorrer, o cenário muda completamente. Sem o ex-presidente na disputa, Jair Bolsonaro é quem assume a liderança da corrida eleitoral, com 21%. Quem também se beneficia da ausência de Lula é Marina Silva, que assume o segundo lugar com 17%. Ciro Gomes e Geraldo Alckmin também ganham pontos na comparação com os outros cenários. Ciro tem 13%. E Alckmin soma entre 11% a 12%. Ao menos por enquanto, Lula não consegue transferir votos para o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), que soma apenas 3% das intenções de voto.
Outra consequência importante da ausência de Lula na corrida eleitoral é o elevado crescimento do índice de brancos e nulos, que passa de 15% nas simulações em que o ex-presidente aparece como candidato para mais de 30%. Sem Lula na disputa, Bolsonaro e Alckmin devem disputar uma vaga no segundo turno contra Marina ou Ciro. Hoje, Bolsonaro e Marina levam vantagem sobre Alckmin e Ciro.
Se chegasse ao segundo turno hoje, Lula venceria
Nas simulações de segundo turno, Lula venceria todos os possíveis adversários: Alckmin (52% a 30%), Marina (48% a 35%) e Bolsonaro (51% a 33%). A vantagem de Lula pode ser explicada pela memória positiva que uma parcela expressiva do eleitorado tem de seu governo, sobretudo na economia. Também indica que as caravanas do ex-presidente pelo Nordeste têm surtido efeito positivo.
Já sem o ex-presidente no segundo turno, Alckmin empataria tecnicamente numa eventual disputa contra Ciro (35% a 33%), enquanto Marina venceria Bolsonaro (46% a 32%).
Índices de rejeição
O presidente Michel Temer é hoje quem tem o maior índice de rejeição: 71%. Apesar de liderar a sucessão de 2018, Lula é o segundo mais rejeitado (39%), seguido por Bolsonaro (28%), Alckmin (27%) e Marina (24%). Doria, Haddad, Ciro e Meirelles são rejeitados por 22%. Já Barbosa é o menos rejeitado pelos entrevistados (15%).