O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi eleito no último sábado (9) o novo presidente nacional do PSDB. A chapa encabeçada por ele recebeu 470 votos favoráveis e apenas três contrários na convenção nacional tucana, realizada em Brasília (DF).
Perillo e Trípoli na vice-presidência
O primeiro vice-presidente nacional do partido será o governador de Goiás, Marconi Perillo, ligado ao grupo do senador e ex-presidente da legenda Aécio Neves (MG). O segundo vice será o deputado federal Ricardo Tripoli (SP), líder da bancada tucana na Câmara dos Deputados.
Após a confirmação de sua vitória, Alckmin realizou um discurso de pré-candidato ao Palácio do Planalto. Defendeu a necessidade de reformas política, previdenciária e tributária. Também discursou em favor da redução do peso do Estado. “Já passou a hora de tirar o peso desse Estado ineficiente das costas dos trabalhadores e dos empreendedores”, afirmou.
Alckmin: o Anti-Lula
Outro destaque no discurso foram as críticas ao PT e ao ex-presidente Lula. “Nós os derrotaremos nas urnas. Lula será condenado nas urnas pela maior recessão da história”, afirmou. Perdendo espaço para o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) nas pesquisas de opinião entre o eleitorado de centro-direita, Alckmin e o PSDB sinalizaram na convenção que começarão a se posicionar como “anti-Lula”.
A eleição de Alckmin através de uma chapa de consenso foi positiva para o PSDB. A partir de agora, alçado à condição de líder nacional da legenda, Alckmin terá o desafio de unir a sigla, bastante dividida, e consolidar internamente seu nome como candidato à Presidência. Embora o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), não deva ser totalmente descartado como presidenciável, é cada vez mais remota a possibilidade de ele desbancar Alckmin.
Previdência
Outro desafio para Alckmin e o PSDB é definir uma posição em relação ao governo Michel Temer (PMDB). A Executiva Nacional do PSDB decidiu fechar questão a favor da Reforma da Previdência. Mas tal decisão não deve alterar de forma significativa o apoio que o partido naturalmente daria à reforma. Em especial porque não haverá qualquer punição a quem votar contra ou se ausentar.
O fechamento de questão foi uma vitória política do governador Geraldo Alckmin, que manda uma mensagem positiva para o governo, em especial para o presidente Michel Temer e para o PMDB. Vale lembrar que logo após uma reunião entre Temer e líderes dos partidos aliados (10/12), da qual o PSDB não participou, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu uma entrevista à Folha de São Paulo afirmando que o governo terá candidato em 2018, mas não necessariamente ele será do PSDB. Era um recado para pressionar o PSDB a fechar questão.
Desembarque cauteloso
Dos quatro ministros tucanos, dois já deixaram o cargo: Bruno Araújo, das Cidades, e Antonio Imbassahy, da Articulação Política. Permanecem no ministério Aloysio Nunes Ferreira, das Relações Exteriores, e Luislinda Valois, dos Direitos Humanos. Nunes deve ficar no cargo até abril de 2018, prazo-limite para a desincompatibilização dos que sairão candidatos em outubro (ele deve disputar a reeleição ao Senado). Em relação a Luislinda há uma pressão para que ela entregue o cargo.
A operação de desembarque deverá ser feita com cautela, pois, além do desejo de parte do partido de continuar na base, Alckmin sonha com uma aliança com o PMDB para 2018. Fora isso, um afastamento antecipado dos peemedebistas pode levar o governo Temer e o PMDB a se aproximarem do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), fortalecendo seu projeto presidencial, o que não interessa aos tucanos.
Assim, Alckmin deverá trabalhar para ter o PMDB ou boa parte dos peemedebistas a seu lado tendo em vista a sucessão presidencial. Porém, além da questão das alianças, o PSDB necessita construir um discurso. Qual será sua posição em relação ao governo Temer? Fará um discurso centrado apenas no “anti-Lula”? E se Lula não concorrer? O PSDB tem uma estratégia de posicionamento nesse cenário? Esses e outros são temas que representam desafios importantes para os tucanos.