O mês de agosto será crucial para o presidente Michel Temer. O presidente da Câmara, de comum acordo com os líderes partidários, marcou para o dia 2 de agosto a votação da denúncia contra o presidente da República. A decisão contrariou o Palácio do Planalto, que pretendia encerrar o assunto antes do recesso parlamentar, que oficialmente começou na terça-feira (18).
O adiamento traz alguns problemas para o governo:
- Possibilidade de surgimento de fatos novos que possam atingir o governo ou pessoas próximas. É o caso de possíveis delações do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e de Lúcio Funaro, considerado o operador financeiro do PMDB, partido de Temer;
- Mantém o tema na agenda política, com desgaste para o governo;
- Pode coincidir com a chegada de uma nova denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer.
- Trata-se, portanto, de uma vitória da oposição, que reconhece que se a denúncia fosse votada neste momento Temer venceria. Até agosto a oposição aposta no surgimento de novas revelações contra o presidente e/ou o envio de uma nova denúncia de Rodrigo Janot ao STF.
Perspectivas para a votação
A votação do dia 2 de agosto deixará claro o quanto de gordura o presidente Temer tem para queimar. Ele precisa de, no mínimo, 172 votos para arquivar o pedido da PGR. Se conseguir o apoio de cerca de 250 deputados, é uma boa sinalização para um eventual segundo pedido de investigação da Procuradoria. Se, ao contrário, tiver menos de 200 votos, o custo político para evitá-la será muito alto.
Até o momento, quatro partidos fecharam questão a favor de Temer. Juntas, essas legendas somam 184 votos. Apesar de ser um número próximo do mínimo necessário, também esperam-se votos favoráveis no PSDB, DEM, PRB, SD, PSC e PTB. Essas legendas somam 139 parlamentares. Se 50% votarem contra a denúncia, Temer poderia ter 252 votos.