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Massa, o novo presidente argentino (de fato)

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*Por Martin Morales

Sergio Massa sonha em ser eleito presidente dos argentinos nas próximas eleições de 2024 e seu novo cargo de ministro da Economia aumenta sua exposição, poder e será possível avaliar com fatos se ele está à altura da tarefa de governar a nação (pode governar a outro nível). Massa chega em um momento de crise econômica e incerteza política onde o presidente Alberto Fernandez e a vice-presidente Cristina Kirchner parecem incapazes de chegar a um acordo sobre a melhor maneira de resolver os principais problemas econômicos, como o aumento da taxa de inflação, a falta de confiança no peso argentino, a falta de reservas no Banco Central, a diferença cambial e as distorções nos níveis de preços, entre outros.

Neste momento, Sergio Massa se posiciona como a pessoa com mais poder no governo argentino, apoiado pela própria Cristina Kirchner, seu filho Máximo e pelo atual presidente encurralado Alberto Fernandez. Embora Massa faça atualmente parte da coalizão do governo, durante sua carreira política tem se afiliado a sete partidos políticos, e durante um período se opôs ao kirchnerismo. Muitos o veem como um político habilidoso, mas com pouca experiência no setor econômico. Portanto, ele precisa de um vice-ministro ou equipe econômica muito forte para aumentar sua credibilidade técnica.

Se Sergio Massa conseguir finalizar um plano de estabilização econômica semelhante ao Plano Real de 1994, plano idealizado por Itamar Franco desenvolvido durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, poderá se tornar o próximo presidente em 2024. Mas como todos sabemos, daqui a 15 meses é muito tempo para a democracia e para a Argentina em particular é uma eternidade. Para que isso seja possível, Massa terá que convencer não só Alberto Fernandez e Cristina Kirchner, mas também a elite, empresários, sindicatos e a comunidade internacional de que ele é o homem certo, na hora certa para a missão certa. Sem isso, Massa vai ser um ator próprio, interpretando o que gostaria de fazer, sem alcançar nenhum tipo de sucesso.

A elasticidade do sistema democrático argentino, somada ao fato de que o país vive outro momento delicado, transformou Massa, deputado nacional eleito pela província de Buenos Aires, no “Superministro” da Economia (absorvendo os Ministérios do Desenvolvimento na forma de secretarias de Produção e de Agricultura) que agora se encarrega de implementar o ajuste que todos achavam que deveria ser feito no próximo governo.

Conforme indicado pelo próprio Massa ontem, após seu juramento, seus principais objetivos de gestão são: a ordem fiscal, o superávit comercial, o fortalecimento das reservas e o desenvolvimento com inclusão, tudo isso tem que andar de mãos dadas com o aumento das exportações e a diminuição dos gastos públicos.

Massa tem adversários políticos, mas seu grande inimigo será seu próprio governo, correndo contra o relógio para cumprir as metas negociadas com o Fundo Monetário Internacional, a meta de déficit fiscal primário de 2,5% do PIB para 2022, e ao mesmo tempo reduzir financiamento monetário para 1% do PIB e apoiar a acumulação de reservas de US$ 5,8 bilhões para o ano inteiro.

Em geral, a narrativa dos governos populistas é mais forte do que os fatos concretos. É preciso ser realista ao avaliar a gestão do novo ministro da Economia e sua capacidade de tomar decisões que coloquem a situação econômica nos trilhos, que até agora anda a 120 quilômetros por hora e um muro o espera na frente.

*Martin Morales é Analista Politico da Arko Advice International

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