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Brasil e Reino Unido estreitam diálogo econômico-financeiro e podem avançar comercialmente graças ao Brexit

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Na última quinta-feira (10), autoridades brasileiras e britânicas realizaram o 4° Diálogo Econômico Financeiro entre Brasil e Reino Unido, sob a coordenação do ministro brasileiro da Economia, Paulo Guedes, e do ministro das Finanças do Reino Unido, Rishi Sunak. O evento também contou com a presença do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, do governador do Bank of England, Andrew Bailey, do presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Marcelo Barbosa, do chefe executivo da Financial Conduct Authority do Reino Unido, Nikhil Rathi, e de integrantes da equipe dos governos brasileiro e britânico.

Entre os destaques do encontro esteve o tema do novo coronavírus (Covid-19) e da recuperação econômica global, ocasião na qual as duas nações discorreram sobre a resposta à pandemia, sobretudo no que diz respeito às prioridades domésticas e políticas para recuperação econômica. Trataram da cooperação em temas multilaterais, da acessão do Brasil à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), do Plano de Ação do G20 e dos desafios a serem superados para a negociação de um acordo de bitributação entre os dois países.

A questão do clima e finanças verdes também foi abordada – por meio de ações que subsidiarão uma recuperação sustentável –, bem como da formulação de parcerias entre Brasil e Reino Unido em finanças verdes e da integração de riscos climáticos no sistema financeiro e soluções climáticas globais (a exemplo do mercado internacional de carbono). Discutiram ainda sobre os serviços financeiros (cooperação bilateral em serviços financeiros), reformas setoriais e liberais em progresso desde 2018 em áreas como fundos de pensão, seguros e resseguros e fintechs e cooperação regulatória em sistemas de pensões, open banking e pagamentos.

Por último, as autoridades de Brasil e Reino Unido dialogaram acerca da infraestrutura, com foco nas recomendações da UK-Brazil Infrastructure and Capital Markets Task Force, por meio de uma apresentação dos copresidentes do Grupo de Trabalho e seus planos para o futuro e recomendações aos ministros. E trataram ainda sobre outros projetos desenvolvidos com o suporte do Prosperity Fund, sobretudo os que visam apoiar a acessão do Brasil à OCDE (preços de transferência, proteção dos direitos de acionistas minoritários, empresas estatais e meio ambiente).

Atualmente o Brasil participa em parceria com o Reino Unido em cinco programas de infraestrutura: UK-Brazil Infrastructure and Capital Markets Task Force; United Kingdom Sustainable Infrastructure Program (UK SIP); Prosperity Fund Global Infrastructure Programme; e Prosperity Fund Programme on Green Finance.

Estudo CNA

Estudo a ser divulgado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta que frutas, peixes, farinhas, óleos vegetais, mel, bebidas alcoólicas e couro integram uma relação de 50 produtos com alto potencial para ampliação de vendas para o mercado britânico com a formalização da saída do Reino Unido da União Europeia. O levantamento leva em consideração o contexto desde o anúncio realizado em maio pelo governo britânico de que a partir de 2021 entrarão em vigor mudanças no regime tarifário de importações (a exemplo das reduções de tributos e das simplificações sobre 563 produtos do agronegócio – o que representa quase metade de todo o comércio do setor do Reino Unido com o restante do mundo).

Também será beneficiada pelo Brexit a laranja, pois o Brasil é um importante fornecedor de óleo essencial desse produto para o Reino Unido. Em relação às vendas brasileiras para o país, 37% da pauta será beneficiada de alguma forma, baseando-se no comércio de 2019, e 15% dela foi classificada como os produtos com maiores oportunidades depois do Brexit. A CNA ressalta que o montante a ser beneficiado de alguma forma totaliza US$ 533 milhões das vendas brasileiras para o país em 2019. Por outro lado, os produtos relacionados como os que têm maior potencial para o comércio futuro entre os países representam US$ 79,3 milhões das transações do ano passado.

Contudo, a confederação sublinhou também que as alterações tarifárias são válidas para todos os países, e não apenas para o Brasil. Desse modo, é imprescindível que o exportador aja rápido a fim de garantir seu espaço no mercado. No último ano, os cinco principais grupos de produtos do agronegócio brasileiro vendido para o país foram responsáveis por 62% das exportações: carne de frango (14,9%), madeira (14,5%), frutas, com exceção de nozes e castanhas (12,5%), celulose (11,5%) e soja em grãos (9,1%). US$ 106 bilhões foi total das importações britânicas de produtos agrícolas, do qual a UE foi o principal fornecedor (64%) e o Brasil, na 16ª colocação, com vendas totais de US$ 1,4 bilhão (1,3%).

As oportunidades, porém, não estão relacionadas apenas com a saída do Reino Unido da União Europeia, segundo a CNA. Há também potencial de crescimento das exportações domésticas para o bloco comum, pois o acordo entre o Mercosul e a UE que esteve congelado por 20 anos pode avançar.

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