Melissa Fernandez O processo de escolha do novo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) prossegue normalmente, apesar da articulação do ex-ministro Guido Mantega para adiar a eleição.
Os cinco candidatos foram sabatinados por integrantes dos 48 países sócios. Foi uma reunião que durou seis horas e na qual o candidato brasileiro, o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn, sobressaiu-se, segundo avaliou um espectador.
Não sendo mais possível adiar a eleição, marcada para domingo, ou trocar candidatos, o governo de Lula enfrenta um dilema: ou apoia Goldfajn ou apoia um candidato estrangeiro. Segundo se avalia nos bastidores, o Brasil nunca esteve tão perto de presidir o BID.
O ex-vice-presidente do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Otaviano Canuto, avalia que a falta de apoio do governo eleito à candidatura de Ilan Goldfajn é uma ‘perda de oportunidade para o Brasil’.
Canuto ocupou a secretaria de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda no primeiro governo Lula e hoje é membro-sênior do Policy Center for the New South. Em sua avaliação, Ilan Goldfajn “não é visto como alguém associado a qualquer vertente política”.
Mantega não pode ser ministro
Anunciado na semana passada como integrante da equipe de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega atuará apenas como voluntário, sem remuneração.
O ex-ministro da Fazenda encontra-se inabilitado pelo TCU a assumir qualquer cargo público até 2030, o que impede também de ocupar qualquer posto na nova gestão. Ele foi responsabilizado no processo que analisou as chamadas “pedaladas fiscais”, manobras contábeis feitas para maquiar as contas públicas durante os anos de 2013 e 2014.
Ontem Mantega disse ao jornal O Globo que não ocupa cargo público na equipe de transição. “Estou na equipe de transição como colaborador voluntário sem DAS (nomenclatura para cargos no governo) nem remuneração”, afirmou.