O presidente Lula (PT) postergou, mais uma vez, o anúncio sobre a minirreforma ministerial, aguardada há semanas por partidos do Centrão. A expectativa era de que ele definisse a nova composição, que acomodará indicações de Progressistas (PP) e Republicanos, até a última sexta-feira (18). Agora, o novo desenho só deve ser apresentado depois que Lula retornar da África do Sul. Por enquanto, os sinais são de que o deputado federal Silvio Costa Filho (PE), do Republicanos, deve assumir o ministério de Portos e Aeroportos, hoje com Márcio França (PSB-SP), correligionário do vice-presidente, Geraldo Alckmin. A pasta seria uma boa alternativa para o Republicanos, no qual o principal ativo político é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tem como uma de suas principais bandeiras a privatização do porto de Santos.
Por outro lado, o PP do deputado Arthur Lira (AL), presidente da Câmara, ainda aguarda sinais mais claros sobre a acomodação do partido na Esplanada, já que Lula resiste a entregar o Ministério do Desenvolvimento Social, como deseja a legenda. A pasta é comandada por Wellington Dias (PT-PI), adversário político do presidente do PP, Ciro Nogueira (PI). Além da disputa local, o ministério abriga o Bolsa Família e é considerado o coração do governo. Uma saída para a situação seria, por exemplo, nomear o deputado federal André Fufuca (MA), indicado da legenda, para a Ciência e Tecnologia, ministério comandado por Luciana Santos (PCdoB), onde Lula não causaria tantos ruídos na dança das cadeiras. Nos bastidores, a única certeza é de que o PP herdará a presidência da Caixa, o que, na avaliação do entorno de Lula, “vale por dois ministérios”.
Republicanos e PP estão acordados a só aceitarem o desenho proposto se for de interesse de ambos, ou nenhum deles embarcará no governo. Lula sabe disso, mas também sabe que a cúpula das duas legendas tem interesses pontuais que devem pesar na decisão. Nome forte para a presidência da Câmara em 2025, o deputado federal Marcos Pereira, presidente do Republicanos, entende a importância de estar próximo do governo para garantir apoio a uma futura candidatura, assim como Arthur Lira quer a segurança de que, ao deixar o cargo almejado por Pereira, terá uma cadeira à altura para se sentar.