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Em reunião para celebrar 43 anos, PT aprova resolução para convocar presidente do BC

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Na reunião do Diretório Nacional do PT, realizada ontem, segunda-feira, para comemorar os 43 anos do partido, foi aprovada resolução orientando as bancadas petistas na Câmara e no Senado a convocar Campos Neto para que ele preste esclarecimentos ao Congresso sobre o motivo de manter os juros altos.

Dirigentes do PT não apenas endossam a pressão do presidente Lula sobre o Banco Central para reduzir a taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano, como avaliam que é preciso pregar a reorientação da política monetária e da meta de inflação.

Há na Câmara um requerimento de autoria do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) com um convite para Campos Neto comparecer à Casa. Mas, o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), cotado para presidir a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), em acordo com outros partidos, incluindo o PT, sinalizou a aliados que não pretende apoiar qualquer investida contra o presidente do BC.

É atribuição da CAE escrutinar as ações do Executivo na área econômica – o presidente do BC e os diretores são sabatinados nessa comissão.  O senador tem dito que a tensão que envolve a autonomia do Banco Central e a atual taxa de juros (13,75% ao ano) é “coisa de momento” e que vai passar. Mesmo petistas avaliam que é cedo para falar em convocar presidente do BC para esclarecimentos.

Na visão desses senadores, até o mês que vem, quando as comissões permanentes da Casa forem instaladas, o clima será outro. Os senadores avaliam que, se houver ofensiva, ela ocorrerá pela Câmara dos deputados. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou ontem que está disponível: “É meu trabalho, vou quantas vezes precisar”.

A nova presidente da Caixa Econômica, Maria Rita Serrano, disse que o nível da taxa de juros definida pelo Banco Central, penaliza mais o banco. Segundo ela, a concorrência sai ganhando com juros altos porque pode aplicar no mercado financeiro. A Caixa precisa emprestar porque é o banco social do governo.

 

Sem alteração nas metas

Durante sua participação no programa Roda Viva, da TV Cultura, ontem à noite, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a autoridade monetária discorda de mudança nas metas de inflação e que revisão neste momento teria o efeito contrário ao desejado sobre os juros.

Campos Neto sinalizou também a necessidade de ter boa vontade com o governo Lula e disse que fará tudo o que estiver ao seu alcance para aproximar o BC da gestão petista. “Se a gente fizer uma mudança agora, sem um ambiente de tranquilidade e um ambiente onde a gente está atingindo a meta com facilidade, o que vai acontecer é que haverá efeito contrário ao desejado. Ao invés de ganhar flexibilidade, você pode terminar perdendo”.

Mesmo sob fogo cruzado do governo, Campos Neto pretende cumprir seu mandato até o fim de 2024. Segundo o presidente do BC “ninguém gosta de juros elevados, nem o Banco Central”. Mas deixou claro que “é oportuno maior debate sobre os juros com a sociedade”, admitindo que falta melhorar a comunicação sobre o assunto.

A atuação do Banco Central na definição da taxa básica de juros é o principal instrumento da instituição para controlar a inflação. No entanto, dependendo do nível dessa taxa (Selic, estabelecida pelo BC) inibem-se consumo, investimentos e o crescimento da economia.

Com o aumento da percepção do risco fiscal, diante dos ataques de autoridades do governo ao Banco Central e de possível mudança nas metas de inflação, aumentou a queda de braço entre o mercado e o Tesouro, em relação à gestão da dívida pública.

A média semanal de emissões de títulos está em R$ 17,5 bilhões, um nível considerado baixo, forçando o Tesouro a lançar mão de seu colchão de liquidez, que era de R$ 1,176 trilhão no fim do ano passado. Nesse ritmo, a rolagem cobriria apenas 55,2% da necessidade de financiamento no ano, estimada em R$ 1,49 trilhão, conforme cálculos do Banco Santander.

 

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