Em 2018, a sociedade foi às urnas numa disputa bastante polarizada, onde o antipetismo definiu o pleito. Depois de 13 anos de governos do PT, o sentimento de rejeição ao partido era tão grande que levou um deputado do chamado “baixo clero” a assumir a cadeira presidencial. Quatro anos depois, a polarização se repete, mas com a diferença de que, desta vez, os dois líderes das pesquisas são mais rejeitados do que aceitos pelos eleitores. O que indica que o presidente da República pode ser escolhido com base no que a sociedade pretere e, não, no que ela prefere.
Pesquisa da Quaest/Genial (11) aponta Jair Bolsonaro como o mais rejeitado dos candidatos ao lado do ex-governador João Doria, ambos com 59%. Lula aparece em quarto lugar com 45%, atrás de Ciro Gomes, que atinge 55%. Outro indicativo da alta rejeição é que nos dois maiores colégios eleitorais do país, os entrevistados foram questionados se preferem a vitória de um candidato a governador mais ligado a Lula ou mais ligado a Bolsonaro. O maior percentual, nos dois casos, foi “nem ligado a Lula nem ligado a Bolsonaro”.
Embora falte pouco mais de quatro meses para as eleições, as campanhas já demonstraram que estão bem mais dispostas a atacar pontos negativos de seus adversários. Os candidatos estão mais focados em buscar erros, passados ou presentes, para alimentar a rede de ataques e crescer com o desgaste alheio. É o antipetismo contra o antibolsonarismo.
Enquanto Bolsonaro mira Lula relembrando os escândalos de corrupção, o petista ataca Bolsonaro destacando os problemas da economia e da pandemia. O que os dois fazem é abastecer o sentimento “anti” que não só os municia, mas mantém por perto suas fieis bases de apoio.
A alta rejeição de ambos demonstra que, embora a polarização esteja cristalizada, não há favorito neste momento. O que a sociedade está propensa a escolher é aquele que menos lhe desagrada. Um problema para o futuro governante que terá de lidar com um país dividido, mas pior ainda para a população que, ao invés de optar por ideias, poderá ter que escolher um presidente apenas para não ter o outro no comando. Tudo indica que esse voto definirá as eleições.