O estúdio CBN recebeu na tarde de terça-feira (22) o cientista político e presidente da Arko Advice, Murillo de Aragão, e a professora Maria Hermínia Tavares de Almeida para discutir sobre o atual cenário político do Brasil e os recentes acontecimentos. Confira abaixo alguns pontos levantados por Aragão:
2019: expectativa e realidade
No campo econômico, era esperado um crescimento maior do o que o de fato aconteceu. O fluxo de investimentos deixou a desejar, mas a inflação ficou dentro da meta e o juros alcançaram os seus menores valores em décadas. Não foi uma decepção total, mas longe das expectativas.
No campo político, o resultado é melhor do que parece. O resultado poderia ser melhor se o governo fosse menos “confrontacional”, mas o saldo da agenda é positivo e conta com aprovação de importantes matérias do governo.
Cultura, Imprensa e Glenn Greenwald
O comunicado do ex-secretário da Cultura, Ricardo Alvim, agora exonerado, desagrada o bom senso e a base política do governo e a comunidade judaica, que sempre teve um bom relacionamento com a base. O papel do governo é estimular a produção cultural independente e não fazer uma curadoria. Bons exemplos são os Estados Unidos e Canadá.
O processo contra o Jornalista Glenn Greenwald é situação complicada. Por mais delicada que possa ser a atuação de Greenwald em conjunto com os hackers da vaza-jato, politicamente a denúncia cheira como retaliação corporativista de um procurador tentando defender a categoria. A investigação enfraquece a narrativa dos procuradores e é polêmico por afetar a liberdade de imprensa, além de ter tido uma resposta política negativa, já que ministros e políticos importantes se manifestaram contra a investigação.
OCDE e EUA
O Brasil deve buscar entrar na OCDE. Apesar do tamanho da economia brasileira e dos recentes investimentos que o país tem recebido, o Brasil tem problemas sérios relacionados a burocracia e à uma legislação trabalhista arcaica. A entrada do país na organização o obriga a adotar novas políticas que beneficiarão a economia e o mercado nacional.
Sobre a relação entre Brasil e Estados Unidos, os dois países sempre se relacionaram intimamente em diversas dimensões, como por exemplo, dimensões econômicas, financeiras e de investimento. O presidente levou à mídia uma narrativa muito grande da afinidade entre os países, mas é importante jogar duro para defender os interesses do Brasil. Atenção especial para o leilão do pré-sal que ocorreu no final de 2019 e as petroleiras americanas não demonstraram interesse, o Brasil recorreu à China, que foi um importante investidor.
Mercado e 5G
O mercado não teve uma resposta negativa ao discurso de Ricardo Alvim por confiar que as instituições brasileiras tomariam conta do ocorrido. O mercado tem interesse em democracias e não em governos autoritários. As pautas ambientais passam a aumentar, não só por pressão mundial, mas porque as pessoas começam a entender que o meio ambiente também pode ser monetizado. O meio ambiente só deve se tornar prioridade com a monetização. Um bom exemplo é o Brasil, que tem o maior índice de reciclagem de latas de alumínio do mundo, por uma razão econômica.
No segundo semestre do ano deve acontecer o leilão do 5G, que movimenta bastante o mercado. O Brasil terá de escolher qual tecnologia adotar: a americana, europeia ou chinesa. A última opção causa um certo receio aos Estados Unidos.