O anúncio da candidatura do ex-presidente Lula (PT) à Presidência impulsiona de vez a corrida eleitoral, embora a campanha já tenho sido antecipada há meses. Lula, um experiente político, terá pela frente novos desafios, considerados vitais para se manter na dianteira da disputa. Lula lidera nas pesquisas, mas estagnou nas intenções de voto e tem visto o presidente Jair Bolsonaro (PL) crescer, aos poucos, e reduzir a diferença. Na média das pesquisas acompanhadas pela Arko Advice, Bolsonaro saltou 6% de outubro passado para abril. Já Lula, só cresceu 0,5%.
O crescimento do presidente da República é associado às medidas econômicas adotadas pelo governo federal, mas Lula é considerado, em parte, responsável pelo avanço do adversário ou, pelo menos, por sua própria paralisia. Há quem diga que ele se tornou “cabo eleitoral” de Bolsonaro. A ironia se aplica devido à sequência de erros e equívocos cometidos por Lula em sua pré-campanha.
O mais recente está estampado na capa da revista Time, que traz entrevista com o candidato. Lula usou o espaço num dos veículos mais respeitados do mundo para atribuir ao presidente ucraniano parcela da culpa pela guerra com a Rússia, fala que gerou repercussões negativas dentro e fora do núcleo petista. Aliás, as declarações extemporâneas têm sido uma marca do ex-presidente, que chegou a declarar que Bolsonaro “só gosta de polícia, não gosta de gente”. Precisou se desculpar. São exemplos que demonstram onde reside um dos principais problemas da campanha petista. Tratar de aborto, atacar policiais e palpitar sobre a guerra não ajuda o ex-presidente e segrega ainda mais o eleitor.
Já na economia, Lula sinalizou que, se eleito, pretende mudar a regra do teto de gastos – mecanismo considerado fundamental para manter o país nos trilhos, sem riscos fiscais. E defendeu um debate inócuo para o momento: a unificação da moeda na América do Sul. São acenos que não o aproximam do mercado e não conquistam eleitores. Com a campanha na rua, qualquer escorregão servirá de bandeja ao principal adversário que, por sinal, é mais ágil e tecnológico, além de possuir a máquina na mão.
Da organização da campanha à comunicação externa, os desafios de Lula são incontáveis. Mas ele está ciente de que o principal é definir uma estratégia para lidar com os problemas reais: inflação, fome e desemprego. Em anos passados, Lula já fez história com tais temas. Em 2022, está demorando a reagir.