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Responsabilidade fiscal em xeque? – Análise

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A declaração do presidente Lula (PT) de que “dificilmente” o governo cumprirá a meta fiscal de déficit zero em 2024 causou uma imediata reação negativa entre os agentes econômicos. A manifestação causou constrangimentos ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que insiste na meta, apesar da resistência política.

Lula, ao declarar que não vai “começar o ano fazendo um corte de bilhões nas obras que são prioritárias” e que acha que “muitas vezes o mercado é ganancioso demais e fica cobrando a meta que eles acreditam que vai ser cumprida”, ressaltou a dificuldade de cortar gastos em ano eleitoral.

O presidente ainda projetou que 2024 será um ano “difícil” na economia por conta da queda de investimentos da China e da alta taxa de juros nos Estados Unidos. A manifestação de Lula também repercutiu negativamente no Congresso. O relator da LDO na Câmara, deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), afirmou que a declaração foi “brochante”. Mais do que causar constrangimentos para Haddad, a fala de Lula pode enfraquecer a posição do seu ministro da Fazenda, que tem conduzido as negociações da pauta econômica e desponta como um dos principais nomes do governo.

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Lula e Haddad – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Considerando que 2024 será um ano complexo na economia, além de ser ano de eleições municipais, Lula indica que apostará no pragmatismo. E não apenas em relação à economia, mas também no que se refere à política, já que defendeu a incorporação do PP e do Republicanos à base aliada sob a justificativa de que precisava de mais 100 votos no Congresso. Como a economia poderá apresentar um desempenho em 2024 pior do que em 2023, o presidente demonstra uma preocupação com sua popularidade no curto e médio prazo. Vale lembrar que as últimas pesquisas têm indicado uma piora na percepção da economia por parte da opinião pública, elevando a desaprovação do governo.

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Entretanto, o pragmatismo político que Lula sinaliza provocará constrangimentos para Fernando Haddad e tensões com os agentes econômicos. Não é a primeira vez que isso ocorre. E nem deverá ser a última. Pelos sinais emitidos nestes primeiros dez meses de governo, Lula deverá equilibrar-se entre o ajuste fiscal e mais gastos públicos, optando em uma ou outra direção conforme o andamento da conjuntura.

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