Por que o Perse virou alvo do Executivo? Entenda

O Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) foi criado em 2021 para ajudar a categoria na recuperação econômica, após a paralisação das atividades em consequência da pandemia da COVID-19. No entanto, a política pública está ameaçada de extinção por parte do Executivo para equilibrar as contas. 

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

No final de 2023, foi publicada uma medida provisória que prevê o fim gradual dos benefícios fiscais até 2025. A política permite que as empresas do setor de eventos não paguem os tributos federais pelo prazo de 60 meses – ou seja, até o final de 2026. Além disso, ela autoriza a renegociação de dívidas tributárias e não tributárias, com um desconto de até 70% em até 145 parcelas. 

Originalmente, o Perse contemplava 88 atividades econômicas dentro do segmento de turismo e eventos, mas foi reduzida para 44 em 2022.

Com a meta do governo de atingir o déficit zero, o programa virou alvo do Executivo para cortar os gastos públicos e aumentar a receita. De acordo com os cálculos do Ministério da Fazenda, o custo do Perse para o estado é na ordem de R$R$ 7,5 bilhões até R$ 10,2 bilhões. Além disso, a pasta alegou que o programa era mau utilizado, devido a inconsistências nas atividades econômicas beneficiadas.

Controvérsias no setor

No entanto, os números da Fazenda geraram controvérsias no setor. Em nota, a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (ABRAPE) informou que, segundo um estudo realizado pela Tendências Consultorias, são 44 atividades econômicas atendidas pelo Perse, mas o documento da Fazenda elenca 32, incluindo 10 que deixaram de fazer parte do programa na redução de 2022.

Foto: Freepik

A nota também afirma que a base de cálculo do Executivo está incompleta. Pois não apresenta o custo individual para cada uma das Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAES) beneficiárias, avaliada pelo setor como uma informação condicional para estimar o verdadeiro custo do Perse. 

Briga legislativa

As manifestações do setor de eventos e as justificativas do Executivo geraram atritos para o Parlamento, que é responsável por analisar o Perse. A medida provisória que dava fim ao programa perderia a validade no dia 1º de abril, mas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, prorrogou parcialmente a medida. Entre os trechos prorrogados, está o Perse, o que faz com o que o texto do Executivo prevaleça.

Com o impasse, além da comissão mista instalada para debater a medida provisória, um projeto de lei foi apresentado pelo líder do governo na Câmara, Zé Guimarães (PT-CE), para encontrar um meio termo. No entanto, o projeto desagrada o setor, pois reduz para 12 as atividades econômicas beneficiadas. Além disso, a proposta prevê a desoneração gradual do Perse até 2027, prazo original do fim do programa segundo a lei que o criou.

Zé Guimarães – Foto: divulgação/Câmara dos Deputados

Autorregularização do Perse

Atualmente, o projeto tramita em regime de urgência na Câmara, sob a relatoria da deputada Renata Abreu (Podemos-SP). A parlamentar defendeu que o Perse seja delineado de forma a filtrar as empresas que receberam o benefício indevidamente. Assim, as que não se encaixarem nos critérios poderão pagar os impostos devidos em um processo de autorregularização, com o pagamento em parcelas. 

A ideia de Abreu é limitar o impacto fiscal do Perse em R$ 5 bilhões por ano. De acordo com Abreu, o montante manteria o acordo feito com a Fazenda e garantiria sobrevivência do Perse.

 

Postagens relacionadas

STF forma maioria a favor da Lei das Estatais

Chuvas no RS: governo antecipará restituição do IR para os gaúchos

Legalização de jogos de azar no Brasil gera divergências em debate na CCJ

Usamos cookies para aprimorar sua experiência de navegação. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com o uso de cookies. Saiba mais