O porta-voz do recém empossado governo de Javier Milei, na Argentina, Manuel Adorni, afirmou que as medidas econômicas serão anunciadas nesta terça-feira (12) pelo ministro da Economia, Luis Caputo.
“Vamos acabar com a Futurologia, não gosto disso. As definições estarão amanhã na voz do ministro Luis Caputo”, disse Adorni ao ser comentar sobre o que acontecerá com o dólar blue e os mercados esta manhã. O ‘dólar blue’ é uma cotação paralela do peso argentino negociado por cambistas dentro do país.
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Segundo Adorni, o governo falará com a imprensa e com os apoiadores todos os dias, às 9h da manhã, neste formato de conferência. “O caminho claro é acabar com a decadência, a pobreza, a inflação que nos acompanha há 21 anos”, afirmou o porta-voz. “Não ter dinheiro não é um clichê, o equilíbrio fiscal será rigorosamente respeitado”, disse Adorni.
Equilíbrio fiscal na Argentina
A fala converge com o discurso do novo presidente feito nesse domingo (10). “Não há alternativa possível que não seja o ajuste. Logicamente isso vai impactar no nível de atividade, emprego, salários reais e na quantidade de pobres e indigentes. Haverá inflação, é certo. Mas não é algo diferente do que ocorreu nos últimos 12 anos”, afirmou Milei durante a posse.
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Ainda durante a campanha presidencial, o novo ministro da Economia, Luis Caputo, foi o autor de um relatório da Anker Latin America ressaltando o equilíbrio fiscal. “A espinha dorsal do próximo programa econômico deve ser o equilíbrio fiscal”, afirma o documento. Sobre a dolarização da economia, o relatório indica que é uma “alternativa difícil de implementar, mas não impossível de levar adiante”.
Relação comercial do governo Milei com o Brasil
Em razão do embate ideológico com o presidente Lula, há receio de como o comércio exterior entre os países poderá ser afetado. No entanto, a intensa relação comercial entre os países pode superar as divergências políticas. Em 2022, foram US$15,3 bilhões em exportações para o país vizinho e US$13,1 bilhões em importações de mercadorias argentinas.
As posições políticas antagônicas entre o governo brasileiro e o argentino também preocupa na atuação do país vizinho em organizações internacionais. Em agosto deste ano, Milei disse em entrevista que acreditava ser necessário eliminar o Mercosul.
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Além disso, há a expectativa sobre o que o governo Milei irá fazer quanto ao ingresso da Argentina nos Brics, anunciado em agosto deste ano. Inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o grupo aprovou o ingresso de seis novos membros, entre eles a Argentina, em um movimento que teve o Brasil como principal articulador. Em declarações à imprensa, Milei chegou a afirmar que retiraria a Argentina dos Brics. No entanto, após o resultado das eleições, Milei moderou seu discurso de rompimento com os órgãos.