A ministra da Agricultura e Pecuária, Tereza Cristina, se reuniu com representantes das Nações Unidas e governos dos países americanos, nesta quarta-feira (16). No encontro, a ministra defendeu que os fertilizantes sejam excluídos do regime de sanções comerciais, como ocorre com os alimentos. Hoje o Brasil teme ter o fornecimento de insumos agrícolas afetado pela guerra na Rússia.
De acordo com a ministra, conter o comércio dos fertilizantes afetará a produtividade do campo e reduz a disponibilidade de alimentos. Além de reforçar a tendência inflacionária das principais commodities e, como consequência final, ameaça a segurança alimentar, especialmente dos países mais vulneráveis.
“Temos que encontrar meios de evitar que medidas destinadas a punir comportamentos específicos, aplicadas por um grupo de países, acabem por afetar as cadeias alimentares mundiais. Não podemos, sob o pretexto de pressionar pela solução de um problema, criar um ainda maior, com o agravamento da situação da fome que, segundo estimativas da FAO, afeta mais de 800 milhões de pessoas no mundo”, destacou a ministra.
Tereza Cristina também sugeriu ações para que, de forma coordenada, seja possível mitigar os impactos negativos da atual crise de preços, em especial de fertilizantes. Além de intensificar a pesquisa científica em busca de inovações tecnológicas que permitam fortalecer a eficiência e a sustentabilidade da agropecuária.
A ministra propôs aumentar o intercâmbio de informações sobre os mercados agrícolas globais, ampliando o escopo do Sistema de Informação de Mercados Agrícolas do G-20 (o AMIS) e incluindo os dados sobre fertilizantes, o que representaria importante contribuição para a transparência e estabilidade dos mercados.
Bastidores da guerra por fertilizantes
Especialistas ouvidos pelo O Brasilianista, afirmam que a recente visita de Tereza Cristina ao Canadá assegurou algum acesso aos insumos necessários, mas não o suficiente. De acordo com eles, o Canadá já está comprometido com os Estados Unidos e a Europa para suprir suas necessidades.
Hoje, o Brasil negocia com os Estados Unidos e a Comunidade Europeia para levantar o embargo de insumos da Bielorússia que usa o porto da Lituânia para exportar. Há negociação também com o Irã.
Para os especialistas, os próximos dias serão decisivos para o agronegócio no Brasil e para a qualidade das relações diplomáticas entre o país e os Estados Unidos.