Pela quarta vez consecutiva, o mercado financeiro elevou a previsão de inflação para 2024, conforme o Boletim Focus. Agora, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 3,88%, em comparação com 3,86% na semana anterior. Há quatro semanas, a expectativa era de 3,72%, evidenciando uma tendência de alta contínua nas expectativas. Os dados foram divulgados pelo Banco Central (BC) no início desse mês.
O Boletim Focus, que compila as previsões de economistas e analistas de mercado consultados pelo BC, também atualizou as projeções para os próximos anos. Para 2025, a inflação esperada subiu de 3,75% para 3,77%. Já para 2026 e 2027, as previsões são de 3,6% e 3,5%, respectivamente.
Dados atuais da inflação e histórico no Brasil
- IPCA do último mês: 0,38% (abril de 2024)
- IPCA acumulado de 12 meses: 3,69% (abril de 2024)
A inflação brasileira apresentou um comportamento volátil nos últimos anos. Em 2020, nos primeiros meses da pandemia de covid-19, a taxa anualizada despencou de 4,31% para 1,88% em junho. No entanto, a partir de então, iniciou um ciclo de alta que se estendeu por 18 meses consecutivos, até novembro de 2021.
Em dezembro de 2021, a taxa cedeu pela primeira vez, mas voltou a subir por mais quatro meses, atingindo o pico de 12,13% em abril de 2022, o maior patamar do ciclo inflacionário recente.
Críticas à gestão da política monetária
O Banco Central, em particular o seu presidente, Roberto Campos Neto, foi alvo de críticas do presidente Lula (PT), dos ministros e de aliados petistas pela condução da política monetária, principalmente em relação ao patamar da taxa básica de juros (Selic), que chegou a 13,75% ao ano em agosto de 2023, antes de iniciar um ciclo de cortes.
A Selic é um instrumento utilizado pelo BC para controlar a inflação. Assim, em julho de 2023, Lula chegou a afirmar que Campos Neto precisava entender que “ele não é dono do Brasil”. O PT também se referiu ao presidente do BC como “lacaio” e o associou aos atos golpistas de 8 de janeiro.
Por fim, Campos Neto rebateu as críticas, defendendo a autonomia e o caráter técnico do Banco Central, sem viés político.