Apesar dos sinais de uma desaceleração, os preços na Argentina estão subindo. A taxa de inflação anual do país provavelmente chegará ao 300%. Segundo dados do governo argentino, divulgados nesta terça-feira (14), a inflação deve voltar a ficar abaixo de um dígito em abril, pela primeira vez em seis meses.
No entanto, a população ainda não conseguiu sentir nenhuma dessas mudanças, muito pelo contrário. Quase 60% dos argentinos vivem na pobreza agora.
Anteriormente, o número era de 44% em dezembro, quando Milei assumiu o cargo, de acordo com uma pesquisa da Universidade Católica.
Javier Milei tem exaltado o sucesso na redução da inflação mensal, que vem diminuindo a partir deste ano. No início da sua gestão, o político adotou medidas que desvalorizaram drasticamente o peso, desencadeando um aumento inicial da taxa.
Inflação Argentina e Austeridade
O presidente advogada ainda por uma dura campanha de austeridade, procurando absorver a liquidez do mercado e cortando custos. As ações foram bem aceitas pelos investidores, ajudando a impulsionar a posição fiscal do governo.
Porém, tais medidas custaram milhares de empregos, jogando boa parte da sociedade argentina no limbo da pobreza. A atividade no setor da construção despencou – autoridades afirmam que quase 90% das obras públicas estão paralisadas.
Além disso, um país onde comer bife é um modo de vida, o consumo de carne bovina se tornou o menor em décadas. Ainda assim, governistas dizem que as exportações de carne está nos níveis mais altos desde 1967.
Poder de compra
Para Eugenio Mari, economista-chefe da consultoria Libertad y Progreso, após todas essas medidas de austeridade, a porta para a recuperação do poder de compra dos argentinos está aberta.
– Uma queda acentuada nos salários reais implica uma queda na demanda agregada, uma queda no consumo e, obviamente, uma queda na atividade econômica. Mas o interessante é que agora, com a queda da inflação, a porta está aberta para a recuperação dos salários reais – afirma o consultor.