Ao lado do processo de transferência de seu controle acionário para o setor privado, a Eletrobras prepara a divulgação de seu plano de negócios para os próximos cinco anos, cuja meta será tornar-se a terceira maior empresa de energia renovável do mundo.
A companhia se prepara para investir também fora do Brasil. Durante almoço na Associação Comercial do Rio de Janeiro na semana passada, o presidente da empresa, Wilson Ferreira Jr., afirmou que, a partir da privatização, a Eletrobras deverá olhar para a América Latina como uma região com características distintas para investir.
O projeto enviado ao Congresso pelo governo em novembro ainda não avançou, à espera de um relator para atuar na Comissão Especial que analisará a proposta. Ferreira Jr. acredita, contudo, que o texto deve ser aprovado no primeiro semestre de 2020, permitindo a privatização já no segundo semestre.
A ideia é oferecer ao mercado novas ações da companhia, reduzindo a participação do governo para formar uma corporação com capital pulverizado, isto é, sem acionista majoritário. Hoje a União é dona de 40,99% (mas com 51% das ordinárias, que dão direito a voto) e o BNDES tem outros 15,99%.“As 20 maiores empresas do mundo são corporações, empresas com capital pulverizado. No setor de energia, das 50 maiores, 80% são corporações”, justificou Ferreira Jr.
O governo defende que a injeção de recursos com a venda de ações dará fôlego à estatal para que ela amplie suas operações. Hoje a empresa tem em torno de um terço da capacidade de geração de energia do país e metade da capacidade de transmissão.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, avalia que a Eletrobras não terá outra saída a não ser a privatização. Para ele, a falta de capacidade para investir está condenando a companhia à morte, pois é preciso investir R$ 16,5 bilhões por ano para manter sua fatia de mercado. “Mas hoje ela tem capacidade máxima de R$ 3,5 bilhões.”