O superávit da balança comercial brasileira diminuiu em junho devido ao aumento do preço de vários itens importados, sobretudo fertilizantes e petróleo. No último mês, o país exportou US$ 8,814 bilhões a mais do que importou, o que representa um decréscimo de 15,4% ante o valor registrado em junho de 2021. Mesmo com essa queda, o resultado é o segundo melhor para o mês desde o início da série histórica, em 1989, ficando atrás apenas para junho de 2021.
No primeiro semestre deste ano, a balança comercial atingiu um superávit de US$ 34,246 bilhões, montante 8,2% inferior ao registrado de janeiro e junho de 2021. Esse saldo é o segundo melhor da história para o período, atrás apenas para o do ano passado, quando o superávit encerrou o primeiro semestre em US$ 37 bilhões.
Em junho, o Brasil exportou US$ 32,675 bilhões para o exterior e importou US$ 23,861 bilhões. Importações e exportações foram recorde em junho, desde o início da série histórica, em 1989. As exportações cresceram 15,6% ante junho do ano passado, segundo o critério da média diária. Já as importações tiveram um incremento de 33,7% na mesma comparação.
Contudo, essa melhora recorde das importações e das exportações é resultado da subida dos preços internacionais das mercadorias. No último mês, o volume de mercadorias exportadas cresceu em média somente 0,1%, comparado a junho de 2021; ao passo que os preços subiram 14,6%, em decorrência da valorização das commodities.
Quanto às importações, o montante adquirido sofreu queda de 1,8%, porém, os preços médios tiveram alta de 34,6%. Esse aumento dos preços deve-se sobretudo por adubos, fertilizantes, petróleo, carvão e trigo – esses itens tornaram-se mais caros após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia.
No setor agropecuário, a subida nos preços internacionais foi significativa nas exportações: baixa no volume de mercadorias embarcadas de 4,5% em junho, ao comparar com o mesmo mês de 2021, ao passo que o preço médio cresceu 36,2%. Na indústria de transformação, houve um crescimento de 11,6%, com o preço médio subindo 23,4%. Já na indústria extrativa, que contempla a exportação de minérios e de petróleo, o montante exportado baixou 15,9%, ao passo que os preços médios diminuíram 10,9% ante junho do último ano.
Destaque nas exportações agropecuárias para os seguintes produtos: milho não moído (+1.458,9%), café não torrado (+76,7%) e soja (+22,7%). Essa alta justifica-se, em especial, pelos preços. Contudo, o algodão contou com uma baixa nas exportações de 10,5% de junho do ano passado a junho deste ano em razão da antecipação de embarques no início do ano.
Por sua vez, a indústria extrativa registrou os maiores incrementos nas exportações de carvão, cujo valor cresceu cerca de 700 vezes em junho ante junho do ano passado. A indústria de transformação verificou os maiores aumentos nas gorduras e óleos vegetais (+154,6%), combustíveis (+124,4%) e farelos de soja e outros alimentos para animais (+61,5%).
No que diz respeito às importações, sobressaíram-se os seguintes produtos: cevada não moída (+15.386,3%), frutas e nozes não oleaginosas (+72,5%) e trigo e centeio não moídos (+67,4%), na agropecuária; carvão não aglomerado (+439,6%) e petróleo bruto (+182,5%), na indústria extrativa; e combustíveis (+82,7%) e adubos ou fertilizantes químicos processados (+187,5%), válvulas de cátodo (+64,9%) e combustíveis (+47,4%), na indústria de transformação.
Em decorrência do encarecimento das importações, o governo federal revisou suas estimativas e projetou para menos o superávit comercial. Desse modo, a expectativa para este ano de saldo positivo passa a ser de US$ 81,5 bilhões, em substituição à projeção anterior de US$ 111,6 bilhões.