Na semana passada, em São Paulo, numa reação política à decisão do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de avançar com as privatizações, ocorreram greves na Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e na Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Também está em curso uma greve na Universidade de São Paulo (USP). O motivo alegado para a paralisação na universidade é o déficit de docentes na instituição. Além disso, houve greve na Empresa Brasileira de Aviação (Embraer), em favor de aumentos salariais.
A volta da contribuição sindical
A volta das greves se dá em meio ao retorno do PT ao governo federal, partido que se mostra mais aberto ao diálogo com as categorias profissionais. Fora isso, recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu a cobrança da contribuição assistencial de
trabalhadores não sindicalizados, fortalecendo financeiramente as entidades. Vale recordar que, após a Reforma Trabalhista aprovada no governo Michel Temer (MDB), os sindicatos ficaram financeiramente fragilizados, reduzindo consideravelmente sua
capacidade de mobilização.
As paralisações da semana passada sugerem que os sindicatos, no curto prazo, podem ter voltado a influenciar o debate trabalhista. Outro aspecto a ser considerado é que setores diversos do governo Lula têm sinalizado com uma revisão da Reforma Trabalhista de 2017, animando os sindicatos a retomar a militância das mobilizações. Hoje, contudo, a capacidade de articulação dessas entidades é inferior à verificada no passado, já que elas perderam representatividade. Outro fator é que a opinião pública discorda da realização de greves, principalmente no transporte público. Uma paralisação como a da semana passada em São Paulo, além de atrapalhar o deslocamento de quem depende do metrô, provoca prejuízos econômicos importantes.
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E ainda houve um aspecto envolvendo a política em São Paulo. A greve no transporte contou com a influência do PSOL, gerando uma repercussão negativa sobre a pré-campanha à prefeitura paulista encaminhada pelo deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que tem buscado moderar sua postura a fim de fugir do rótulo de radical. As greves, no entanto, colocaram em contradição os movimentos que Boulos tem feito. Como consequência, ele continua sendo vinculado a ações radicais.