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EUA e China batalham pelo controle dos semicondutores

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“Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas se passam”. Essa frase de Lenin se encaixa bem ao momento em que EUA, China e Taiwan se encontram agora. Após a visita de Nancy Pelosi e de parlamentares americanos a Taiwan ter desencadeado reações tensas e relevantes por parte da China, o mundo começa a analisar alguns possíveis impactos caso um conflito global se inicie.

Sempre imaginei a disputa entre as duas principais empresas fabricantes de chips semicondutores como um exemplo do quão dependente o mundo se tornou de tão poucos. Chips semicondutores são vitais para a construção de qualquer equipamento eletrônico minimamente inteligente. Eles garantem o funcionamento de smartphones, carros, computadores, servidores, equipamentos médicos, militares, ou seja, equipamentos imprescindíveis e extremamente relevantes para o mundo de hoje.

A SMIC, chinesa, é a principal fornecedora de chips para o mercado local e, até recentemente, para uma fatia importante do mercado internacional. A outra produtora, TSMC, é taiwanesa e está consolidada como a líder absoluta no mercado de chips avançados, com mais de 90% do mercado mundial.

Nas últimas semanas, a SMIC apresentou seu chip de 7 nanômetros, que é o mínimo necessário para rodar equipamentos eletrônicos mais sofisticados. A MinerVa, empresa americana de mineração de bitcoin, utiliza os chips de 7 nm da SMIC para rodar seus servidores.

No entanto, o governo americano colocou a SMIC na lista negra de empresas com as quais os americanos não podem fazer negócios daqui para a frente.

Isso coloca uma pressão ainda maior na TSMC para prover chips semicondutores em um mercado onde a demanda é altíssima e a oferta cada vez menor.

Por mais relevante que seja a comercialização do seu chip de 7nm, a SMIC segue atrás da TSMC em capacidade tecnológica. Foi identificado que o chip chinês era idêntico ao chip taiwanês, levantando  a hipótese de que foi deliberadamente copiado.

Mesmo assim, a SMIC está produzindo um chip que está uma geração atrás do chip de 5nm produzido pela TSMC e duas gerações atrás do novíssimo chip de 3nm que entrará no mercado logo mais.

Em comparação com um chip de 7nm, um de 5 nm oferece, na média, uma economia de 20% na energia e um aumento de 10% na performance. Já um chip de 3nm consegue ter uma performance ainda melhor, o que o torna desejável para projetos de computação quântica e de inteligência artificial.

Na “guerra fria” entre EUA e China, a disputa tecnológica tem uma importância ímpar. A maior preocupação americana em relação à China é o controle da computação quântica com aplicação militar. Isso possibilitaria avanços em telecomunicações, mísseis teleguiados entre outras áreas. A autossuficiência chinesa na manufatura de chips é vista por Washington como um péssimo cenário para os próximos anos.

Entende-se que a SMIC conseguiu produzir seu chip de 7nm. Entretanto, para chegar a uma produção dos de 5 nm e de 3 nm, precisaria de acesso a uma série de equipamentos (de tecnologia avançada de raios ultravioletas, litografia para semicondutores etc). Assim, há uma pressão para que a holandesa ASML, fabricante de equipamentos de litografia, deixe de exportar para a China, a fim de sufocar a capacidade de desenvolvimento de chips na SMIC.

Para a China, o controle da indústria de desenvolvimento de chips semicondutores é vital para sua sobrevivência econômica. Perder acesso a chips representa o fim de grande parte de sua cadeia de produção industrial. Nada é mais importante para o mundo conectado do século XXI do que chips semicondutores.

Quem controla esse mercado, controla indiretamente toda a cadeia de produção global. Para os EUA, proteger Taiwan possui camadas de importância. Impedir que a China tenha o controle da TSMC e que a SMIC se desenvolva são objetivos centrais para os EUA e aliados.

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