Em ambiente favorável, Lula se sai bem no JN

A entrevista de Lula foi menos truncada que a realizada, por exemplo, com o presidente Jair Bolsonaro (PL). Quando questionado a respeito dos escândalos de corrupção que ocorreram em seus governos, o jornalista William Bonner frisou, em sua pergunta, que o ex-juiz Sergio Moro foi parcial, que as condenações proferidas foram anuladas pelo fato da Vara de Curitiba ter sido considerada incompetente para julgar o ex-presidente. E Bonner destacou que Lula “não deve nada à Justiça, mas que houve corrupção”.

No tema da corrupção, que é um dos mais sensíveis para a campanha de Lula, o ex-presidente repetiu a narrativa que vem veio sendo construída durante o período em que foi alvo da Operação Lava Jato. Lula afirmou que foi “massacrado”. Afirmou que a “corrupção só existe quando é investigada”. Lembrou medidas tomadas em seu governo, como a criação do portal da transparência e a lei anticorrupção.

Reconheceu que houve corrupção em seu governo ao dizer que “você não pode dizer que não houve corrupção se as pessoas confessaram”. No entanto, criticou o fato da Lava-Jato, no seu entendimento, ter ultrapassado os limites da investigação e ingressar no caminho da política, tendo “o Lula como objetivo”.

Sobre a escolha do procurador-geral da República (PGR) em um eventual novo governo Lula, não confirmou se a opção será pelo primeiro da lista tríplice do Ministério Público (MP). E afirmou que “não quer amigos, mas pessoas competentes”.

Na economia, optou pela lembrança do cenário econômico e social positivo de seu legado, adotando um bom saudosista ao declarar que “deseja voltar – a Presidência da República – porque deseja ser melhor do que já fui”.

Outro aspecto importante do discurso de Lula envolve a questão da experiência para governar. Fez diversas referências à escolha do ex-governador de São Paulo (SP) Geraldo Alckmin (PSB) como seu vice, dizendo que “juntou experiências. O melhor presidente que o país já teve com o melhor governador que SP já teve”.

Questionado sobre o cenário fiscal de dificuldade e à falta de clareza do programa do PT, novamente, o ex-presidente retomou a lembrança de seu legado. Lembrou que pegou o país numa situação difícil e entregou num cenário de bonança econômica e inclusão social.

Num aceno ao setor privado, prometeu credibilidade, previsibilidade e estabilidade caso retorne ao Palácio do Planalto. Ao ser perguntado sobre a gestão econômica do governo Dilma Rousseff, reconheceu erros como o controle de preço dos combustíveis, as desonerações, mas responsabilizou também o então presidente da Câmara Eduardo Cunha (então filiado ao MDB) e o então senador Aécio Neves (PSDB). Disse que Dilma tentou corrigir o rumo da economia, mas foi impedida por ambos.

Além de frases de efeito como a de que “tem obsessão em recuperar o crescimento econômico e a geração de empregos, porque é possível fazer mais”, explorou o vínculo afetivo com as camadas mais pobres da população ao declarar que “se tem uma coisa que eu sei fazer é cuidar do povo”.

Lula se mostrou aberto ao diálogo. Defendeu a convivência entre os contrários. Declarou que aprendeu a conversar e negociar.

O ex-presidente prometeu uma convivência pacífica com o agronegócio, um dos setores produtivos que mais é simpático ao presidente Jair Bolsonaro. No entanto, a afirmação de Lula que “Bolsonaro está ganhando apoio do setor porque está liberando armas” pode repercutir negativamente junto ao setor. Também disse que o agro é contra o meio-ambiente.

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