Ao discursar ontem no STF, na reabertura do ano do Judiciário, Lula afirmou que a escalada dos atos terroristas que culminou com os ataques à sede dos três Poderes em 8 de janeiro, é resultado da descrença na política. Lula destacou as decisões corajosas do Supremo e o restabelecimento da harmonia entre os Poderes, em uma referência velada ao seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
“Nunca mais alguém deve ousar duvidar da política desse país ou desacreditar da política. O que aconteceu foi resultado da descrença da política pelo povo brasileiro”, disse. A presidente do STF, ministra Rosa Weber, abriu o ano judiciário com um discurso com recados aos golpistas que depredaram as sedes dos três Poderes em 8 de janeiro.
A ministra prometeu responsabilizar a todos e disse que a democracia “permanece inabalável”. Segundo Rosa Weber “possuídos de ódio irracional, quase patológico, os vândalos, com total desapreço pela república e imbuídos da ousadia da ignorância, destroçaram bens públicos sujeitos a proteção especial, como os tombados pelo patrimônio histórico”.
“Os que a conceberam a violência, os que a praticaram, os que a insuflaram e os que a financiaram serão responsabilizados com o rigor da lei nas diferentes esferas”, afirmou a ministra. Autoridades que discursaram ontem no STF foram além da condenação às invasões de 8 de janeiro. A intenção era demonstrar que há uma aliança institucional para aplicar punições a um amplo grupo de responsáveis pelos ataques.
Sem acordo com criminosos
Na abertura dos trabalhos no Tribunal Superior Eleitora, o presidente a Corte, ministro Alexandre de Moraes, afirmou que o país não poderá adotar a “ignóbil política de apaziguamento” depois dos atentados de 8 de janeiro.
Para o ministro, “não é possível fazer acordo com criminosos, terroristas e golpistas”. Sem citar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Moraes afirmou que todos os envolvidos na invasão das sedes dos três Poderes serão responsabilizados, inclusive as autoridades que incentivaram ou se omitiram diante da escalada de violência.
“Todos os envolvidos serão responsabilizados civil, política e criminalmente inclusive pela dolosa conivência por ação ou omissão”. Alexandre de Moraes afirmou que “os financiadores, incentivadores e agentes políticos que se portaram dolosamente, pactuando covardemente com a quebra da democracia e a instalação de um estado de exceção serão responsabilizados”.