A Inframerica – Aeroporto Internacional de Brasília, concessionária que administra o Aeroporto JK, desde que foi leiloado em 2012, anunciou na quinta-feira a admissão de dois funcionários pouco habituais no trabalho em aeroportos.
Trata-se de um cão da raça Border Collie, chamado Zeca, e um gavião-asa-de-telha, ou gavião-asa-castanha (Parabuteo unicinctus), que leva o nome de Tupã. Ambos terão por tarefa afugentar pássaros que frequentam a área usada peços aviões, tanto na partida como na chegada. Na região é muito comum a presença do Quero-Quero (Vanellus chilensis).
O Zeca é uma raça canina do tipo collie desenvolvida na região da fronteira anglo-escocesa na Grã-Bretanha para o trabalho de pastorear ovelhas. Popular em seu país de origem, é considerado a raça de cães mais inteligente do mundo todo, de acordo com a publicação de Stanley Coren, “A Inteligência dos Cães”.
Tupã (um deus da mitologia indígena brasileira) aqui personificado numa ave de rapina de médio-grande porte que se reproduz desde o sudoeste dos Estados Unidos até o Chile, com presença no centro da Argentina e do Brasil.
Goza de popularidade entre os praticantes da falcoaria e chega a medir de 46 a 59 cm de comprimento, com envergadura entre 103 e 120 cm. As fêmeas são maiores do que os machos. A espécie tem plumagem amarronzada, ombros avermelhados e penas da cauda com base e ponta brancas.
Os dois novos funcionários passarão a integrar a Equipe de Fauna da administradora do aeroporto JK, desempenhando funções no pátio de aeronaves ajudando a afugentar pássaros e outros animais invasores das áreas próximas às pistas de pousos e decolagens do terminal.
O gerenciamento do risco da fauna é trabalho exercido pela equipe de Meio Ambiente da concessionária, que atua para remover o que funciona como atrativo nas áreas externas onde operam os aviões e afugentar e capturar animais que entrem no sítio aeroportuário, de modo a garantir as operações seguras. Animais eventualmente capturados são soltos na natureza, em áreas distantes do aeroporto.
O uso de cães e gaviões em aeroportos para o manejo de fauna nas áreas operacionais não é uma operação inédita. Essa prática já é adotada em outros aeroportos brasileiros e também fora do país.
A bióloga da Inframerica, Anelize Scavassa, responsável pelo Zeca, diz que se trata de um animal “extremamente obediente, educado, de linhagem indicada para a prática da atividade por aprender comandos complexos”.
Zeca fez um estágio, submetido a testes afugentando as aves que pousavam na área operacional no aeroporto e foi aprovado. Seu desempenho e adaptação ao trabalho foram observados de perto e ele passou nos testes. O mesmo ocorreu com Tupã, que foi treinado para as novas tarefas que vai exercer. A bióloga disse torcer para que Tupã esteja no peso ideal para apenas afugentar as aves, não as capturar. “Os dois serão de grande ajuda no nosso trabalho no aeroporto”, disse.
Segundo Anelize, a escolha do uso de dois predadores para o afugentamento das aves é muito promissora. A bióloga explica por que usar predadores para afugentar aves próximas áreas onde passam os aviões. “Pássaros, com o tempo, se acostumam a ações corriqueiras para afugentá-los, como viaturas, buzina, sirenes, etc. Já os predadores naturais lhes causam medo inato, que não se acostumam com a presença dos animais e começam a evitar o local pelo risco aparente de predação”, diz.
“Após muitos testes agora conseguimos trabalhar com eles nas margens das pistas de pousos e decolagens e, só com os comandos, conseguimos garantir que eles não acessem a área de movimentação”, afirma a bióloga. “Eles não ficam soltos, sempre há um condutor treinado acompanhando seus movimentos”.