O ministro da Defesa, Fernando Azevedo participou, nesta quarta-feira (29), de live com o CEO da Arko Advice Murillo de Aragão. A seguir, resumo dos principais pontos abordados pelo ministro.
Militares no governo: há grande aproveitamento técnico dos militares no governo. A ala militar tem o ministro da Defesa como único representante político das Forças Armadas. Os nomes técnicos de militares do governo são, na verdade, compostos por militares aposentados ou de reserva, que tem a origem militar, como General Heleno, General Braga Netto e Tarcísio Gomes que tem origem militar.
Crise ambiental: em 2019, as Forças Armadas participaram da Operação Verde Brasil, no combate às queimadas da Amazônia a partir de agosto e, nos meses seguintes, os resultados foram positivos, com a diminuição dos pontos focais de fogo. Houve também a Operação Amazônia Azul, sobre o derramamento de óleo, em que a Marinha e a vigilância aérea da Força Aérea atuaram em conjunto com voluntários. Este ano foi criada a Comissão da Amazônia, liderada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, para a realização de um planejamento para combater o desmatamento e as queimadas.
Venezuela: as Forças Armadas têm o poder suasório no âmbito regional, ou seja, para evitar ameaças. A Operação Acolhida, por exemplo, acolhe os venezuelanos que vem em busca de melhores oportunidades no Brasil. O país mantém contato com as unidades de todas as fronteiras brasileiras. A posição do Brasil é definida politicamente, que faz parte do Grupo de Lima, que não reconhece o atual governo venezuelano.
Embraer: ainda não se sabe a situação real entre a Embraer e a Boeing. A Embraer é uma empresa estratégica. O acordo feito com a Boeing as separou em duas joint ventures: a primeira, de aviação comercial – em que a Boeing deteria 80% e a Embraer 20%; e a segunda, de defesa – em que a Embraer deteria 51% e a Boeing, 49% – o que ajudaria a comercializar nossa nova aeronave de carga, o KC-390. Extraoficialmente, a Embraer contesta os motivos da possível rescisão do contrato feito entre as duas.
Coronavírus: é a missão mais importante das Forças Armadas atualmente. A primeira ação governamental foi o resgate de brasileiros que estavam em Wuhan, em que a Força Aérea Brasileira participou ativamente do resgate. A partir de 20 de março foram montados 10 comandos conjuntos entre as três forças armadas para auxiliar os estados e municípios. Em média, 25 mil homens têm sido empregados para as operações, quase o mesmo efetivo da Força Expedicionária Brasileira atuou na Itália na 2ª Guerra Mundial. Além de ajudar na logística, descontaminação, também reforçam a faixa de fronteira, fabricação de medicamentos no laboratório das Forças Armadas, auxiliam na confecção de máscaras de proteção, distribuição de cestas básicas, dentre outras.
Impacto econômico: em 2019 houve um aumento orçamentário para a Defesa e área militar, para honrar os compromissos em relação aos programas e projetos do setor. Durante anos, o Ministério da Economia supriu as Forças Armadas para cumprir as missões, tanto de desmatamento quanto do óleo e outras. Para 2021, ainda não há previsão orçamentária.
Obras de infraestrutura: as unidades de engenharia sempre ajudaram em operações de infraestrutura, como na BR 63, BR 116, transposição do Rio São Francisco, distribuição de água no agreste, entre outras. A participação do Exército é muito efetiva pois é a preço de custo, fornece adestramento em termos de engenharia e a qualidade do serviço é muito boa.
GLO na Amazônia: o Exército desempenha um papel mais forte em infraestrutura, mas no campo social, a Marinha e Força Aérea são fundamentais. Por exemplo, a Marinha leva atendimento médico para populações tradicionais e ribeirinhas da Amazônia por meio do “Barco da Esperança”. A Força Aérea desempenha um papel importantíssimo no combate ao coronavírus, levando toneladas de medicamentos para todas as regiões do país. As três forças têm participado ativamente para o desenvolvimento do país e ações sociais. Com o vice-presidente na Comissão da Amazônia, se for necessário uma nova GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para combater as queimadas na Amazônia, as Forças Armadas estão prontas mais uma vez.
Indústria de defesa: a base industrial de defesa é muito importante pois representa o componente estratégico para as atividades e demandas internas das Forças. Além disso, representa 4% do PIB brasileiro e gera 1 milhão de empregos diretos e indiretos, impulsionando a economia. A perspectiva do setor para 2020 era positiva, no entanto, a pandemia do coronavírus alterou o cenário.
Crime organizado: o Brasil faz fronteira com os maiores produtores de drogas do mundo, é rota de vários mercados ilegais e também é um consumidor efetivo. O Sistema Brasileiro de Inteligência é integrado ao Gabinete de Segurança Institucional, composto pelas Forças Armadas e o Ministério da Defesa para intercâmbio de informações. Há atuação conjunta efetiva sobretudo na parte de fronteiras, entre as Forças Armadas com órgãos de segurança estadual e federal. É necessário avançar em meios tecnológicos de monitoramento de fronteira, que se estende por 18 km, para combater a entrada de drogas e o crime organizado.
Valorização da defesa e segurança: uma das principais missões das Forças Armadas é manter a paz e o equilíbrio, previsto no Art. 142 da Constituição. Temos de ter um poder de suasório convincente. As Forças Armadas são o último bastão que o país têm. Estamos vivendo uma guerra contra um inimigo invisível o coronavírus. É uma função do Executivo e do Legislativo, apoiado pelo Judiciário, de querer ter Forças Armadas condizentes com a estatura do país.
Brasil-Estados Unidos: o governo Bolsonaro não buscou os Estados Unidos como parceiro, ele refez a relação com o país norte-americano. Na 2ª Guerra Mundial, o Brasil foi combater o fascismo na Itália ao lado dos Estados Unidos, por exemplo. O Acordo de Salvaguarda Tecnológico norte-americano permitiu a plena utilização dos componentes de lançamento de foguetes e satélites – 80% dos componentes de satélite são norte-americanos. Fomos reconhecidos como membros-extra-OTAN, que nos abre portas da Europa para base de defesa. Na última viagem presidencial aos EUA, foi assinado o RTDTIE, que significa acesso aos fundos americanos de recursos para pesquisa, desenvolvimento, teste e avaliação de projetos e programas de defesa.