Aliados do governo buscam como contornar o mal-estar criado com a definição do ministério Lula, na qual deixou de ser contemplado o presidente da Câmara, deputado Arthur Lyra (PP-AL), que disputa a reeleição para o comando da Casa no próximo mês.
O deputado Elmar Nascimento (União-BA), aliado de Lira, chegou como favorito para ocupar um posto na Esplanada dos Ministérios até vésperas da posse. Era nome favorito para o Ministério da Integração Nacional. O escolhido foi o ex-governador do Amapá Waldez Góes (PDT-AP), indicado pelo atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
O próprio presidente tocou no assunto no pronunciamento de abertura na primeira reunião ministerial, realizada na sexta-feira passada (06). Lula afirmou que não é Arthur Lira que “precisa” do governo, mas o governo que precisa do Legislativo. O presidente da Câmara tem poderes para segurar ou acelerar projetos de interesse do Executivo e interferir no funcionamento das comissões temáticas da Casa.
O caminho para acenar aproximação com Arthur Lira passa por oferta de cargos no segundo escalão. Ou até mesmo aumentar o controle de caciques do Centrão sobre empresas como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A estatal sempre esteve no centro de cobiça pela sua capacidade de execução de obras e serviços em redutos eleitorais de políticos.
Além de perder a indicação para o Ministério da Integração Nacional, Arthur Lira ainda amargou o dessabor de ver o ex-governador de Alagoas, Renan Filho (MDB) indicado para o recriado Ministério dos Transportes. O pai do ministro, senador Renan Calheiros é tradicional inimigo político de Lira no estado.
Articuladores políticos do novo governo entendem, portanto, ser preciso oferecer algum tipo de compensação a Lira, num gesto de pacificação. Além disso, o governo sinalizou que o PT não terá candidato à presidência da Câmara no mês que vem, deixando de oferecer obstáculo ao projeto de Arthur Lira.
O reforço no diálogo com o presidente da Câmara é defendido por nomes como o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA). Disse que as tensões serão aparadas com “habilidade política”.
Outro nome do partido, José Guimarães (CE), escalado por Lula para ser o líder do governo na Câmara, vai na mesma linha e defende relação de “alto nível”, com respeito à autonomia dos Poderes. “Para governar temos que ter uma relação de absoluta institucionalidade e respeito com o presidente da Câmara. Até porque vamos votar nele”, no projeto da reeleição.