Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) pressionam para que a ex-ministra da Agricultura e deputada federal Tereza Cristina (PP) concorra como vice na chapa presidencial. Hoje, o mais cotado para o posto é o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa Braga Netto (PL).
Os argumentos são variados em defesa da ex-ministra. Braga Netto, mesmo sendo de Minas Gerais, importante colégio eleitoral, agregaria pouco em termos de voto. Além disso, mesmo que Braga Netto não seja o escolhido, dificilmente os militares deixariam de se engajar em sua campanha. Mas, para se manter competitivo, o ex-ministro está sendo aconselhado a viajar pelo país.
As pesquisas indicam que Bolsonaro enfrenta resistência no eleitorado feminino. De acordo com o último levantamento FSB/BTG Pactual (10 a 12 de junho), ele tem 27% de apoio no segmento. Já o ex-presidente Lula (PT), 46%. Mesmo que o agronegócio já apoie majoritariamente Bolsonaro, o entendimento é de que a escolha da ex-ministra poderia ampliar a adesão de líderes do setor à campanha e também a arrecadação de doações eleitorais de ruralistas.
A ex-ministra pode ajudar ainda em outras questões. Sua participação na área internacional foi relevante, por exemplo, para contornar problemas com a China e o Oriente Médio. Na questão dos fertilizantes, ela atuou para tentar garantir o abastecimento do produto no país. Em seu segundo mandato na Câmara, Tereza Cristina tem boa capacidade de comunicação com o Congresso e transita bem em diversos partidos.
Hoje Tereza Cristina é candidata ao Senado por Mato Grosso do Sul e lidera as pesquisas, com cerca de 30% das intenções de voto. Em segundo lugar, vem Odilon de Oliveira (PSD), com 15%, tecnicamente empatado com Henrique Mandetta (União Brasil), que tem 12%. Em tese, a saída de Tereza Cristina desse páreo pode ajudar Mandetta, ex-ministro da Saúde, que deixou o governo criticando Bolsonaro. Talvez por essa razão, o presidente tenha mencionado o nome do ex-ministro Rogério Marinho (PL) como alternativa para vice.
Em 2018, a escolha de Hamilton Mourão para a vaga de vice foi definida no último dia do prazo das convenções partidárias: 5 de agosto. Ao que tudo indica, a definição do nome não deve ser rápida. Conforme pessoas próximas ao presidente, também agora deve ocorrer no último minuto.