Com as eleições da União Europeia (UE) em andamento, a Alemanha está no centro das campanhas de desinformação russas, conforme alerta um porta-voz da Comissão Europeia. Acredita-se que o Kremlin esteja investindo cerca de €1 bilhão em campanhas de desinformação, destacando a Alemanha como o principal alvo entre os países da EU, de acordo com uma reportagem da Morgan Meaker da Wired.
Esta preocupação surgiu poucos dias antes das eleições na Alemanha, que ocorreram no domingo, e em meio a uma temporada de campanha manchada por uma série de ataques violentos contra políticos alemães. Peter Stano, porta-voz principal da Comissão Europeia para assuntos externos e política de segurança, confirmou que a maioria dos casos registrados em sua base de dados envolve a Alemanha, refletindo a intensidade das tentativas de manipulação de informações por parte da Rússia.
Exemplos recentes dessas campanhas incluem artigos falsos supostamente publicados pela revista alemã Der Spiegel, que, na verdade, redirecionavam os usuários para um site falso, Spiegel.ltd, ao invés do domínio oficial, Spiegel.de. Embora os links não estejam mais ativos, contas que compartilharam esses artigos ainda estão online.
Os desinformadores russos também têm explorado divisões internas da Alemanha, como as diferenças econômicas entre o leste e o oeste do país, e os “Putinversteher”, um termo que descreve políticos alemães que expressam simpatia pelo presidente russo. Fact-checkers do grupo de mídia independente Correctiv identificaram vídeos falsos no TikTok alegando que a Alemanha estaria se preparando para entrar na guerra na Ucrânia, além de vídeos no Telegram e Facebook que falsamente mostravam protestos violentos em Mannheim.
A tensão já é alta na Alemanha antes das eleições. Na última semana, um político do partido de extrema-direita AfD foi esfaqueado em Mannheim. No mês passado, um candidato do SPD, partido de centro-esquerda do chanceler Olaf Scholz, foi hospitalizado após ser atacado enquanto colocava cartazes, e um candidato do Partido Verde também sofreu agressões verbais e físicas.
O chanceler Olaf Scholz prometeu combater a violência política, independentemente de sua origem. “A segurança é a pedra angular da nossa liberdade, da nossa democracia e do nosso estado de direito”, afirmou em um discurso em Berlim. A Comissão Europeia continua monitorando a resposta das empresas de mídia social às tentativas russas de manipulação, tendo iniciado uma investigação formal sobre o cumprimento das obrigações de moderação pela Meta, empresa-mãe do Facebook.
Com um orçamento modesto de €20 milhões para monitorar atividades russas, a Comissão Europeia enfrenta um desafio significativo contra os €1 bilhão supostamente investidos pelo Kremlin em desinformação. A batalha pela verdade nas eleições da UE continua, com a Alemanha no centro deste campo de batalha informacional.