A pesquisa divulgada na segunda-feira (17) do RealTimeBigData, na Rede Record, aponta um cenário de indefinição na eleição para a Prefeitura de São Paulo (SP). O prefeito e provável candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), tem boas chances de estar no segundo tuno (ver tabela abaixo).
Até o mês passado, o ex-governador Márcio Franca (PSB) e o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos (PSOL), apareciam como postulantes à vaga de adversário de Covas no segundo turno. Porém, a decisão do Republicanos em lançar a pré-candidatura de Russomanno – que tem um bom recall por ter disputado as eleições de 2012 e 2016 na capital paulista, tendo ficando em terceiro lugar nas duas oportunidades – embaralhou o cenário.
CANDIDATOS | CENÁRIO 1 (%) | CENÁRIO 2 (%) |
Bruno Covas (PSDB) | 26 | 27 |
Celso Russomanno (Republicanos) | 22 | 23 |
Márcio França (PSB) | 7 | 8 |
Marta Suplicy (SD) | 7 | – |
Guilherme Boulos (PSOL) | 7 | 7 |
Andrea Matarazzo (PSD) | 3 | 5 |
Jilmar Tatto (PT) | 3 | 3 |
Arthur “Mamãe Falei (Patriota) | 2 | 2 |
Joice Hasselmann (PSL) | 1 | 1 |
Orlando Silva (PCdoB) | 1 | 1 |
Eduardo Jorge (PV) | 0 | 0 |
Filipe Sabará (NOVO) | 0 | 0 |
Levy Fidelix (PRTB) | 0 | 0 |
Branco/Nulo | 12 | 13 |
Não sabe | 9 | 13 |
*Fonte: RealTimeBigData (12 a 13/08)
Caso seja candidato e a esquerda continue fragmentada, existe a possibilidade de Celso Russomanno ser o adversário de Bruno Covas no segundo turno. Além do recall, Russomanno é um nome conservador, com base junto ao eleitorado evangélico e trânsito nas periferias da capital paulista.
O deputado do Republicanos tem o perfil do que podemos chamar de conservadorismo popular. Vale recordar que em um passado não muito distante Jânio Quadros (1985) e Paulo Maluf (1992) se elegerem prefeito atraindo esse segmento em SP.
Assim, na ausência de uma alternativa com esse perfil – o deputado Arthur “Mamãe Falei” (Patriotas) e a deputado federal Joice Hasselmann(PSL) perderam capital político após romper com o bolsonarismo e Levy Fidélix (PRTB) é um nome “ inexpressivo” eleitoralmente – pode ocupar esse espaço, pois há um voto conservador bastante consolidado na capital paulista.
É por conta desses atributos que Covas quer tirar Russomanno do jogo oferecendo ao deputado a vaga de vice em sua chapa. Essa hipótese não deve ser descartada. Porém, devido à densidade eleitoral que Russomanno mostra nas pesquisas, removê-lo da disputa não será tarefa fácil.
A esquerda, por sua vez, está bastante fragmentada. Nota-se que hoje as intenções de voto de França, Boulos, da ex-senadora e ex-prefeita Marta Suplicy (SD), do ex-deputado Jilmar Tatto (PT) e do deputado federal Orlando Silva (PCdoB) contabilizam 28%, muito próximo dos 30% que historicamente votam com as esquerdas.
Um nome bastante cobiçado é o de Marta. Com trânsito nas periferias e nos chamados setores progressistas, a ex-senadora é cotada como uma possível vice de Márcio França e Bruno Covas. Como hoje o adversário de Covas no segundo turno seria Russomanno, a atração de Marta para a vice do prefeito representa um cálculo eleitoral para atrair o voto de esquerda num possível segundo turno.
Faltando mais de três meses para o pleito, o cenário ainda está indefinido. O quadro deve ficar mais nítido após Russomanno e Marta definirem seu caminho. Além da mudança de peças no tabuleiro, ainda há muitos eleitores “sem candidato” – brancos, nulos e indecisos – que contabilizam entre 20% a 30% nos cenários estimados e 75% na espontânea.
Apesar das indefinições, Bruno Covas, avaliado positivamente por cerca de 1/3 dos paulistanos (ver tabela abaixo) tem boas chances de estar no Segundo turno.
AVALIAÇÃO | PERCENTUAIS (%) |
Ótimo/Bom | 26 |
Regular | 37 |
Ruim/Péssimo | 32 |
*Fonte: RealTimeBigData (12 a 13/08)
A incógnita é quem será o adversário de Covas. E se ele virá do campo conservador – provavelmente Russomanno se ele for candidato – ou progressista – hoje o nome mais competitivo seria o de Boulos, que tem conquistado publicamente o apoio de setores sociais que historicamente votam no PT, fragilizando bastante as possibilidades de Tatto.
E há ainda Márcia França, que derrotou o governador João Doria (PSDB) na capital na disputa ao Palácio dos Bandeirantes em 2018, e deve apostar numa campanha de críticas ao PSDB para chegar ao segundo turno.