A decisão da Petrobras de reajustar os preços dos combustíveis – a gasolina subiu 5,18% e o diesel aumentou 14,26% – desencadeou forte reação do governo, já que os sucessivos reajustes estão desgastando a imagem do presidente Jair Bolsonaro (PL), que, segundo as pesquisas, hoje perderia a eleição para o ex-presidente Lula (PT).
A reação do governo aumentou a pressão sobre a Petrobras. Logo após o anúncio, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pediu a renúncia do presidente da Petrobras, José Mauro Coelho. Além disso, disse que os parlamentares debaterão, nesta segunda-feira (20), a política de preços e a distribuição de lucros da estatal. Lira também deixou aberta a possibilidade de uma eventual mudança de taxação nos lucros da companhia.
Tentando amenizar o impacto negativo provocado pelo novo ajuste do preço dos combustíveis, Jair Bolsonaro busca dividir o desgaste com a Petrobras. Assim, definiu o aumento da gasolina e do diesel como “uma traição com o povo brasileiro”. “O lucro da Petrobras, segundo ele, “é uma coisa que ninguém consegue entender, algo estúpido.”
Desde que o preço dos combustíveis começou a subir, o governo tem optado por criticar a Petrobras. Conforme a última pesquisa Ipespe (20 de maio), 64% dos entrevistados culpavam a estatal pelo aumento de preços. Para 45%, o principal culpado é Jair Bolsonaro. Embora o presidente se desgaste com o tema, ele tem conseguido compartilhar o custo político da questão com a companhia.
O assunto também chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF). Na sexta-feira (17), o ministro André Mendonça determinou que a Petrobras informe ao Supremo, no prazo de cinco dias, os critérios adotados para a política de preços adotada nos últimos 60 meses. Apesar de toda a pressão do governo, a política de preços não deve mudar, pois suas consequências, entre elas o risco de desabastecimento, seriam piores que o reajuste.
Até mesmo uma CPI da Petrobras chegou a ser defendida por Bolsonaro, com rápido apoio da oposição. A empresa já anunciou vários reajustes recentemente, mas nunca se viu uma reação política tão intensa quanto neste último episódio. Alguma medida, além das que vinham sendo discutidas – caso da criação de um fundo de compensação, pode ganhar espaço.