Apesar de estarmos a seis meses das eleições municipais, o prefeito de Porto Alegre (RS) e pré-candidato à reeleição, Sebastião Melo (MDB), possui uma folgada vantagem sobre seus adversários. A recente pesquisa divulgada pelo instituto Real Time Big Data aponta que Melo possui uma folgada vantagem sobre a sua principal adversária neste momento, a deputada federal Maria do Rosário (PT).
Conforme podemos observar nos quatro cenários testados pelo instituto, a distância entre Melo e Rosário varia de 15 a 19 pontos percentuais, dependendo da simulação. Se convertermos a intenção de voto em Melo para votos válidos, seus percentuais ficariam de 47,05% a 51,21%. Como a margem de erro da sondagem é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, o prefeito pode, até mesmo, sonhar com uma vitória em primeiro turno. Rosário, por sua vez, possui percentuais de votos válidos que variam de 25,88% a 31,70%, números próximos ao piso tradicional de votos da esquerda na capital gaúcha.
Intenção de voto (1º turno)
CANDIDATOS | CENÁRIO 1 (%) | CENÁRIO 2 (%) | CENÁRIO 3 (%) | CENÁRIO 4 (%) |
Sebastião Melo (MDB) | 40 | 41 | 41 | 42 |
Maria do Rosário (PT) | 22 | 22 | 26 | 26 |
Luciana Genro (PSOL) | 7 | 7 | – | – |
Any Ortiz (Cidadania) | 5 | – | 6 | – |
Juliana Brizola (PDT) | 5 | 6 | 7 | 8 |
Comandante Nádia (PL) | 4 | 5 | – | – |
Thiago Duarte (União Brasil) | 2 | 2 | 2 | 3 |
Nadine Anflor (PSDB) | – | 2 | – | 3 |
Brancos/Nulos/Indecisos | 15 | 15 | 18 | 18 |
*Fonte: Real Time Big Data (29 a 30/03)
Quando olhamos o cenário eleitoral em Porto Alegre, identificamos outras variáveis que jogam a favor de Sebastião Melo. Além da liderança folgada na pesquisa, do controle da máquina administrativa e da tendência de Melo construir uma robusta aliança partidária, o prefeito é bem avaliado pelos porto-alegrenses (ver tabela abaixo).
Avaliação dos governos federal, estadual e municipal
AVALIAÇÃO | LULA (PT) | EDUARDO LEITE (PSDB) | SEBASTIÃO MELO (MDB) |
APROVA (%) | 46 | 61 | 58 |
DESAPROVA (%) | 46 | 33 | 37 |
NÃO RESPONDEU (%) | 8 | 6 | 5 |
*Fonte: Real Time Big Data (29 a 30/03)
Como a administração de Melo será “julgada” pelos eleitores, ter uma elevada aprovação é um diferencial competitivo importante. Apesar de o governador do Rio Grande do Sul (RS), Eduardo Leite (PSDB), também ter elevada aprovação entre os eleitores da capital, o PSDB não deverá ter candidatura própria, já que a deputada estadual Nadine Anflor (PSDB) anunciou que irá disputar o pleito em Porto Alegre (RS).
Outro aspecto importante para Sebastião Melo é o fato de a aprovação e a desaprovação do presidente Lula (PT) em Porto Alegre dividir os eleitores. Com isso, a nacionalização do pleito local pretendida pelo PT poderá ter um efeito limitado. Além disso, o que estará sendo “julgado” não serão os governos Lula e Leite, mas sim a gestão Melo.
Também joga a favor de Melo o fato da deputada federal Any Ortiz (Cidadania) e da vereadora Comandante Nádia (PL), nomes que aparecem na pesquisa, serem potencialmente mais próximos do prefeito do que de Maria do Rosário. Assim, os eleitores das pré-candidatas, que somam cerca de 10% das intenções de voto, podem migrar para Melo no primeiro ou no segundo turno. No caso do PL, a tendência é que o partido apoie o prefeito já no primeiro turno, o que atrairá o eleitorado bolsonarista para Sebastião Melo.
As pré-candidaturas da deputada estadual Juliana Brizola (PDT) e do deputado estadual Thiago Duarte (União Brasil), que almejam se constituir numa terceira via a disputa entre Melo x Rosário, não devem representar uma ameaça aos dois primeiros colocados.
O favoritismo parcial de Sebastião Melo é confirmado nas simulações de segundo turno. O prefeito possui uma folgada vantagem sobre Maria do Rosário e a deputada estadual Luciana Genro (PSOL), que apesar de constar na pesquisa não será candidata, pois o PSOL apoiará Rosário.
Intenção de voto (2º turno)
CANDIDATOS | CENÁRIO 1 (%) | CENÁRIO 2 (%) |
Sebastião Melo (MDB) | 55 | 53 |
Maria do Rosário (PT) | – | 33 |
Luciana Genro (PSOL) | 29 | – |
Brancos/Nulos/Indecisos | 16 | 14 |
*Fonte: Real Time Big Data (29 a 30/03)
É possível também constatar uma correlação entre as intenções de voto nas simulações de segundo turno e a avaliação da administração Melo. Contra Rosário, Melo tem 53% das intenções de voto, índice próximo de sua aprovação (58%). Rosário, que registra 33%, apresenta uma intenção de voto parecida com a desaprovação à gestão Melo (37%).
Outra variável favorável a Melo é o fato de sua rejeição (não votaria) ser inferior à de Rosário, que é sua principal adversária. Além disso, o potencial eleitoral de Melo (votaria com cerca mais poderia votar) é superior ao de Rosário: 60% a 46%.
Potencial eleitoral dos pré-candidatos
CANDIDATOS | VOTARIA COM CERTEZA (%) | PODERIA VOTAR (%) | NÃO VOTARIA (%) | NÃO CONHEÇO O SUFICIENTE (%) |
Sebastião Melo (MDB) | 22 | 38 | 36 | 4 |
Any Ortiz (Cidadania) | 2 | 33 | 25 | 30 |
Comandante Nádia (PL) | 1 | 25 | 41 | 33 |
Juliana Brizola (PDT) | 3 | 34 | 40 | 23 |
Luciana Genro (PSOL) | 5 | 30 | 54 | 11 |
Maria do Rosário (PT) | 15 | 31 | 46 | 8 |
Nadine Anflor (PSDB) | 1 | 34 | 27 | 38 |
Thiago Duarte (União Brasil) | 1 | 29 | 30 | 40 |
*Fonte: Real Time Big Data (29 a 30/03)
Apesar do favoritismo de Sebastião Melo, a eleição em Porto Alegre não está dividida. Além de estarmos há seis meses do pleito, Melo tem o desafio de gerenciar sua aliança, já que está em curso uma disputa entre PL e PP pela vaga de vice depois que o vice-prefeito Ricardo Gomes desistiu de concorrer e deixou o PL. Caso Melo seja bem-sucedido nesse desafio, aumentará sua chance de vitória, pois conseguirá unir o centro e a direita em Porto Alegre, isolando o campo de esquerda.
Outro aspecto a ser ressaltado é que dos três prefeitos da cidade que buscaram à reeleição – José Fogaça (2008), José Fortunati (2012) e Nelson Marchezan Júnior (2020) – dois foram reeleitos (Fogaça e Fortunati).
Maria do Rosário, por sua vez, apesar de ter conseguido unir o campo de esquerda, encontra dificuldades para avançar sobre o centro, o que impõe um importante obstáculo.
O atual cenário em Porto Alegre indica uma disputa entre Sebastião Melo e Maria do Rosário em dois turnos, reproduzindo a disputa de 2020, quando Melo derrotou a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), que naquele pleito teve o apoio do PT.