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O embate fiscal dentro do governo Lula – Análise

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No mercado e no meio político já era dada como certa a alteração da meta fiscal estabelecida para 2024, cuja previsão no novo arcabouço é de déficit zero. O que pairava no ar eram dois questionamentos: quando isso aconteceria e de quanto seria a flexibilização. A primeira resposta é que a mudança deve ocorrer em breve, na votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), por meio de mensagem modificativa enviada pelo governo. Mais rápido do que se imaginava, diga-se de passagem. Já o segundo questionamento está em discussão pela equipe econômica, mas a tendência atual é de se reduzir a meta para prever um déficit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), índice que pode ser calibrado dependendo dos cálculos da Fazenda.

O movimento, embora previsível, coloca em lados opostos as alas política e econômica do governo, o que, em se tratando de política fiscal, historicamente ocorre. No Lula 3 não é diferente. Enquanto o chefe da equipe econômica, Fernando Haddad (PT), trabalha para conter gastos e aprovar o pacote de medidas enviado ao Congresso e, com isso, aumentar a arrecadação, integrantes do núcleo petista defendem mais investimentos e menos austeridade. A dissintonia foi reforçada em declaração feita pelo próprio presidente da República, que, em café com jornalistas, disse que “dificilmente” o governo cumprirá a meta estabelecida para o próximo ano.

Como era de esperar, a fala gerou ruídos no governo e reflexos externos, com queda na bolsa e críticas de políticos que enxergam na mudança da meta uma sinalização ruim para o mercado. Mas, ainda que não se concorde com o discurso do presidente, Lula foi coerente com sua bandeira de campanha e com sua principal preocupação, a de manter investimentos em programas sociais e políticas públicas. Tanto é que, na última sexta-feira (03), uma semana após desacreditar a meta fiscal, pediu a alguns de seus ministros que não deixem de gastar recursos que tenham previsão de investimento nas respectivas pastas. “Para quem está na Fazenda, dinheiro bom é dinheiro no Tesouro. Mas, para quem está na Presidência, dinheiro bom é dinheiro transformado em obras”, afirmou.

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