Na última quarta-feira (15), dia seguinte à demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras, as ações da estatal abriram em baixa de até 9,57% e a empresa chegou a perder R$ 49,5 bilhões em valor de mercado. A decisão do presidente Lula (PT) foi repentina, mas não representou uma surpresa.
Poucos meses antes, uma divergência quanto à distribuição de dividendos da Petrobras expôs rusgas entre Lula e Prates. Na época, falou-se que a relação entre os dois não era tão próxima e que surgiam ruídos na comunicação das decisões do chefe da empresa para o chefe do Executivo.
O nome escolhido por Lula para ocupar a presidência da Petrobras é o da engenheira civil Magda Chambriard. Ex presidente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo Dilma, Magda Chambriard trabalhou na Petrobras por duas décadas. A expectativa é de que, caso seu nome seja aprovado nos processos internos da empresa, sua visão convirja com a de Lula a respeito do papel de uma estatal.
O presidente enxerga a Petrobras como uma estatal com função social no país e nunca escondeu a intenção de incentivar a sua expansão, mesmo que isso venha a gerar monopólio no mercado interno. Por conta do tamanho da empresa e das visões distintas a respeito de sua condução, em 2019 seus gestores firmaram um acordo de desinvestimento em refinarias com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O objetivo era estimular a concorrência no mercado nacional de refino – até então explorado quase integralmente pela Petrobras –, por meio da entrada de novos agentes, que atrairiam investimentos para o setor.
A questão é que de oito refinarias que deveriam ser vendidas apenas uma venda foi concretizada. Agora, a Petrobras deve lutar para reverter esse acordo. Isso porque a nova presidente enxerga como essencial o aumento da capacidade de refino no Brasil, assim como Lula.
A Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, por exemplo, estava na lista de vendas da Petrobras, mas teve as obras de ampliação retomadas este ano, em um claro movimento da política que vinha sendo seguida até então. Além disso, pode-se esperar mais rigidez na política de distribuição de dividendos, já que o foco agora deve ser em maiores investimentos na companhia.