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Meios de comunicação e a reestruturação do jogo político

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O desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, indubitavelmente, reestruturaram todo o jogo político no Ocidente. Diferente do que algumas análises propõem, a política e seus resultados não são essencialmente determinados ou subjugados pela mídia, ainda que a influência dos meios de comunicação se faça sentir em vários aspectos.

A deterioração da qualidade das decisões políticas dada necessidade de uma resposta praticamente imediata

Os meios de comunicação de massa permitem – ainda que o fluxo seja motivado por interesses particulares – que as informações alcancem rapidamente uma grande parcela da população, o que em sequência, impõe para os agentes políticos a necessidade de uma resposta quase instantânea. A imprescindibilidade do imediatismo decorre da possibilidade, e frequentemente, taxação do agente em questão como hesitante, vagaroso e fraco, caso não responda às alegações. Admitir o equívoco pode associar ao agente o status de inexperiente e/ou incompetente. Assim, como hoje o capital político se relaciona intimamente com a visibilidade midiática, rótulos dessa estirpe podem ocasionar prejuízos incalculáveis à vida pública do agente.

A personalização da política e a consequente perda de centralidade dos partidos

A partir das primeiras décadas do século XX, os partidos passaram a ser considerados elementos indispensáveis à estrutura da política democrática. Contudo, atualmente tem-se um processo cada vez mais intenso de personalização das disputas e, consequentemente, de redefinição do papel dos partidos. Perdem a sua característica de essencialidade: os candidatos não precisam mais deles para se comunicar com o público e os eleitores não os tomam como relevantes no momento da escolha. 

Entende-se que a partir do momento em que há a identificação de um sujeito a um discurso, a questão da personalidade e da índole ganham uma nova importância na vida política, tornam-se mais relevantes do que o pertencimento a qualquer organização. Ademais, os meios de comunicação de massa, ao ampliarem o acesso aos agentes políticos e a seus discursos, impulsionam os agentes a construírem uma imagem pública imponente e positiva na ausência de partidos fortes guardando suas costas.

Campanhas eleitorais

Assim como visto em 2018 e 2020, neste ano as redes sociais também serão cruciais e, por vezes, até determinantes nos resultados das urnas. O que apresenta um imenso desafio para os candidatos que sofrerão ataques de mais difícil combate, devido à velocidade e ao anonimato propiciados no ambiente digital. Independentemente de sua veracidade, um único escândalo online pode extinguir a chance de eleição atualmente. Nota-se que devido ao bombardeamento de informações sem critério de avaliação, a eleição também será mais desafiadora para os eleitores. 

É preciso destacar que esse ano exigirá dos candidatos a apresentação de um conteúdo objetivo e interativo nas redes, e a consequente redução do material físico gráfico. Entretanto, essa redução não implica em redução de gastos de campanha como afirma o senso comum, e tão pouco a sua extinção. Ainda em 2014, um material físico gráfico bem planejado era o centro das campanhas, mas desde 2016 sua importância decresce. Salientando-se que, apesar desse novo cenário, nas cidades de médio e principalmente de pequeno porte, esse material ainda mantenha a sua essencialidade. A briga online além de brutal é onerosa, de maneira que quem tem maiores recursos ainda possui vantagens. 

Por fim, é importante considerar o papel dos órgãos judiciários, principalmente do Supremo Tribunal Federal e Ministério Público. Dessa forma, é esperado a maior atuação destes nessas eleições como investigadores e fiscalizadores, dado que recentemente adquiriram a prerrogativa e a liberdade de atuarem no meio político como nunca antes visto.

Horário eleitoral e votos

Em 2018, o expressivo alcance do horário eleitoral – de acordo com Ibope, quase 24,2 milhões de pessoas em média por dia assistiram às propagandas dos candidatos na parte da tarde e da noite – não ajudou os candidatos que detinham grande tempo de TV. O então tucano Geraldo Alckmin contava com 44% do horário e ficou em quarto lugar no pleito, com cerca de 5% dos votos. Em momento algum descaracteriza-se a importância da televisão, porém cabe ressaltar que a relação com o voto não é direta. 

O fato de Lula e Bolsonaro contarem com mais tempo de TV é um obstáculo adicional em especial para Ciro e Simone, que buscam quebrar a polarização. Ciro, apesar de estar na terceira posição nas pesquisas, tem somente 28 segundos de tempo de TV. No que diz respeito ao palanque televisivo, Simone leva vantagem sobre Ciro, já que terá mais de 1 minuto de propaganda eleitoral.

A tendência do “não político”

A desilusão da população brasileira quanto a política não só cresceu nos últimos anos, bem como se tornou palpável nos noticiários, nas redes sociais, nas pesquisas de institutos renomados, em dados do TSE, e, principalmente, nas urnas. Devido aos escândalos de corrupção no país e incontáveis processos de improbidade administrativa, foram muitos os candidatos eleitos em 2018 com um discurso anti-establishment. Ganhou espaço a ideia de que aquele que sabe tocar uma empresa terá sucesso na dinâmica do aparato estatal, e que aquele que não é político também não é corrupto. A demonização da popularmente conhecida “velha política”, mais uma vez, resultará em políticos de longa data tentando se desvincular a todo custo  do retrato negativo que se criou.



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