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Bolsonaro: os riscos da radicalização das narrativas

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O fim de semana foi marcado por carreatas de aliados do presidente Jair Bolsonaro em diversas capitais. Na cidade de São Paulo, onde a manifestação foi mais significativa, o alvo principal da base social bolsonarista foi o governador João Doria (PSDB). Com bandeiras do Brasil nos carros, eles pediam a reabertura da atividade econômica.

Em meio à mobilização desse bolsonarismo raiz, o presidente subiu em uma caminhonete, em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, e discursou. O gesto sugere que, mesmo isolado politicamente e a despeito de tal fato provocar repercussões negativas, o presidente acredita nessa estratégia para enfrentar a atual crise, gerada pela disseminação do novo coronavírus. Trata-se de uma aposta arriscada, mas Bolsonaro não deve mudar, afinal de contas ele costuma incentivar a polarização.

Bolsonaro afirmou aos apoiadores que “não quer negociar nada”. “Nós queremos ação pelo Brasil”, declarou, mandando recado para o establishment político. “Chega da velha política. Agora é o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos”.

Como as pesquisas de opinião divulgadas nesse fim de semana mostraram que a lógica da polarização permanente está beneficiando o presidente em meio à pandemia – ele conseguiu manter cerca de 1/3 da opinião pública ao seu lado, apesar dos constantes ataques da imprensa, de governadores e de parte do Judiciário –, dificilmente Bolsonaro abrirá mão desse modus operandi.

Paradoxalmente, suas declarações ocorrem em meio a rumores de uma negociação com PP, PL, PSD e Republicanos, partidos do chamado Centrão, num ambiente de derrotas para o Planalto no Congresso. Recentemente, o presidente esteve reunido com o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e os deputados federais Wellington Roberto (PL-PB) e Marcos Pereira (Republicanos-SP). As conversas visaram enfraquecer o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que vem se distanciando cada vez mais do Executivo. Nos bastidores do governo, admite-se que Bolsonaro abrirá espaços para aliados políticos no governo.

A decisão do presidente de prestigiar manifestação que incita a intervenção militar e o fechamento de instituições pode, contudo, gerar reações graves e eventuais pedidos de impeachment, o que aumentará o custo de apoiá-lo e de apoiar a sua agenda. O episódio em Brasília desagradou ao mundo político, aos governadores, ao STF e até mesmo aos militares, que não desejam nenhuma especulação em torno de intervenção na política.

Fonte: Arko News

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