Apoios conquistados por Boulos e contestação interna fragilizam Tatto no PT

Foto: Filipe Araujo

A pré-candidatura do ex-deputado Jilmar Tatto (PT) à Prefeitura de São Paulo (SP) enfrenta resistências não apenas entre petistas, mas também entre lideranças suprapartidárias de esquerda.

Quem ganha com isso é o líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos (PSOL), que nas últimas semanas conquistou importantes apoios.
Recentemente, o ex-governador do Rio Grande do Sul (RS) Tarso Genro (PT) defendeu que o partido abra mão da candidatura própria para apoiar Boulos.

Embora Tarso veja que o ex-prefeito Fernando Haddad (PT) seja um nome competitivo na capital paulista, o ex-governador avalia que o partido deve apoiar Boulos, pois é melhor Haddad se preservar para a sucessão presidencial de 2022.

A avaliação de Tarso é apoiada por lideranças do PT de São Paulo que resistem à candidatura de Jilmar Tatto. A viabilidade eleitoral de Tatto tem sido questionada e dirigentes do partido afirmam que o pré-candidato não conseguirá atrair aliados de centro-esquerda. Com isso, cresce o apoio de petistas ao movimento “Sou PT, voto Boulos”.

Ou seja, o risco de Tatto ser abandonado pelo próprio partido é elevado, pois dada sua baixa densidade eleitoral, os pré-candidatos a vereadores do PT avaliam que a bancada petista na Câmara Municipal pode ter uma redução de 50%.
Militantes tradicionais históricos da esquerda também estão se alinhando com a chapa Guilherme Boulos (PSOL) e Luiza Erundina (PSOL). Este é o caso de artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, a filósofa Marilena Chaui, que foi secretária de Cultura, o cientista político André Singer, a urbanista e a professora universitária Raquel Rolnik, que coordenou o projeto do Plano

Diretor na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy.
Outros nomes que apoiam a chapa do PSOL são o ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, além dos atores Wagner Moura, Camila Pitanga, Marieta Severo, Sônia Braga e Maria Fernanda Cândido. Os cineastas Fernando Meirelles e Petra Costa, os músicos Arnaldo Antunes, Maria Gadú, Teresa Cristina, Tom Zé, Zélia Duncan e José Miguel Wisnik também estão ao lado de Boulos.

Na defensiva, Jilmar Tatto tenta reagir. Além de encontros com o ex-presidente Lula, Tatto passou a especular a esposa de Fernando Haddad, Ana Estela Haddad, como uma possível vice em sua chapa.

Apesar da movimentação de Tatto, Boulos vai se credenciando como o nome mais competitivo da esquerda. Além do apoio de petistas históricos, o líder do MTST tem trabalhado bem nas redes sociais, possui o recall de quem já disputou o Palácio do Planalto nas eleições de 2018, e terá Luiza Erundina, que possui importante inserção nas periferias da cidade, como sua vice.

O ex-governador Márcio França (PSB), que também é uma opção eleitoral competitiva, tem feito movimentos à direita como, por exemplo, a presença na passagem do presidente Jair Bolsonaro por SP, o que desagradou ao PDT, que apoiará França, e também a ex-senadora e ex-prefeita Marta Suplicy (SD), cobiçada pelo pré-candidato do PSB como sua vice.

Diante desse cenário, a base social de esquerda, por ora, se inclina em direção a chapa Boulos e Erundina, que aposta no discurso clássico das esquerdas dos anos 80 e 90 para atrair o voto progressista.

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