No primeiro semestre do ano as atenções estiveram voltadas para a Câmara, em função da Reforma da Previdência, a ser concluída na Casa no início de agosto. A partir daí a bola estará com o Senado e a previsão é de jogo duro. Além da Reforma da Previdência, outras questões complexas e polêmicas estarão sob exame dos senadores, todas tramitando simultaneamente.
Entre elas estará a Reforma Tributária, também sob a análise na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ). Trata-se de duas reformas constitucionais de grande impacto econômico que devem se encontrar no colegiado. Ambas dividem opiniões no campo político nacional e regional. Como examinar as duas ao mesmo tempo é impossível, o receio de alguns observadores da cena política é o de que a colisão de temas possa prejudicar o avanço da Previdenciária.
Em outra frente, a Casa deve analisar a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República, para o cargo de embaixador do Brasil nos Estados Unidos. A controvérsia em torno da escolha deve ser traumática para as relações na Casa. As críticas ao governo serão contundentes e o Planalto deverá queimar capital para tentar aprovar a indicação, feita pelo presidente Jair Bolsonaro.
No entanto, como a Reforma da Previdência é uma agenda que já não pertence ao governo, mas sim à sociedade, gozando de apoio maciço na opinião pública, as coisas provavelmente ficarão separadas. Ao ser aprovado pela Câmara, o projeto chegará impulsionado ao Senado e decerto será priorizado.
A blindagem da matéria já é verbalizada pelo presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), pelo líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e vários outros senadores.
Portanto, a tendência é que a Previdência seja aprovada pela CCJ antes da Tributária e que ambas sigam para o plenário em momentos diferentes. Já a definição sobre a chancelaria nos Estados Unidos, por mais traumatizante que possa vir a ser, também não deve interferir na aprovação da previdência em função da natureza distinta dos assuntos e do seu grau de importância.